Do
alto dos meus setenta e nove anos, finalmente, consegui me visualizar tendo
tantas idades quanto os meus diferentes momentos de vida.
Depois,
lendo sobre o assunto, aprendi que a modernidade não mais valoriza somente a
idade cronológica, mas também a emocional, a mental, a sexual e, até, a de
estar em boa forma física, dependendo da disponibilidade de cada momento nosso
de vida.
Encantei-me
com essa descoberta, já que em algumas vezes senti-me pouco a vontade em
exteriorizar esses sentimentos eufóricos.
Como
o cérebro é a grande caixa de ressonância das nossas emoções, vivenciamos todos
os estágios de juventude, maturidade ou senilidade, alternadamente.
Algumas
vezes até infantis, para o meu maior deleite.
Claro
que quando ainda não temos segurança suficiente para validar esses estágios,
procuramos escondê-los, como se pecados fossem.
Jovens
somos quando nos sentimos aptos a novos desafios, sejam eles profissionais,
literários, musicais ou amorosos.
E
somos velhos quando nada mais nos interessa Quando falta o essencial brilho nos
olhos e a vida se nos apresenta como um imenso fardo.
Infantis,
quando vivemos intensamente a pureza e o deslumbramento das fantasias do dia a
dia.
O
grande Einstein chegava a dizer que “a imaginação é muito mais importante que o
conhecimento”. “O pensamento lógico, leva você de A a B”. “A imaginação leva
você a qualquer lugar que você queira”.
Foi
estabelecido como regra que adultos deverão sempre ter um pensamento lógico,
chamando-se a isso de maturidade. A prática mostra que nem sempre isso é o que
nos traz mais felicidade.
Dentro
desse raciocínio, orgulho-me das minhas várias idades, não permitindo que as
mazelas físicas me impeçam de experimentar novas emoções.
Nesse
momento, por exemplo, resolvi aprender a tocar violão, sonho de toda uma vida.
Talvez somente agora eu possa ter serenidade e tempo para me dedicar aos meus
verdadeiros prazeres.
Essa
é uma das grandes descobertas da velhice, a de usar o seu próprio eu em toda a
sua plenitude, sem vínculos com o que pensam os outros, sem as vaidades de se
tornar o melhor, mas com a disposição absoluta e total para o prazer.
“Não paramos de nos divertir para ficarmos
velhos. Envelhecemos porque paramos de nos divertir”. Anônimo.
Gabriel
Novis Neves
23-01-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.