quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Várias idades


Do alto dos meus setenta e nove anos, finalmente, consegui me visualizar tendo tantas idades quanto os meus diferentes momentos de vida.
Depois, lendo sobre o assunto, aprendi que a modernidade não mais valoriza somente a idade cronológica, mas também a emocional, a mental, a sexual e, até, a de estar em boa forma física, dependendo da disponibilidade de cada momento nosso de vida.
Encantei-me com essa descoberta, já que em algumas vezes senti-me pouco a vontade em exteriorizar esses sentimentos eufóricos.
Como o cérebro é a grande caixa de ressonância das nossas emoções, vivenciamos todos os estágios de juventude, maturidade ou senilidade, alternadamente.
Algumas vezes até infantis, para o meu maior deleite.
Claro que quando ainda não temos segurança suficiente para validar esses estágios, procuramos escondê-los, como se pecados fossem.
Jovens somos quando nos sentimos aptos a novos desafios, sejam eles profissionais, literários, musicais ou amorosos.
E somos velhos quando nada mais nos interessa Quando falta o essencial brilho nos olhos e a vida se nos apresenta como um imenso fardo.
Infantis, quando vivemos intensamente a pureza e o deslumbramento das fantasias do dia a dia.
O grande Einstein chegava a dizer que “a imaginação é muito mais importante que o conhecimento”. “O pensamento lógico, leva você de A a B”. “A imaginação leva você a qualquer lugar que você queira”.
Foi estabelecido como regra que adultos deverão sempre ter um pensamento lógico, chamando-se a isso de maturidade. A prática mostra que nem sempre isso é o que nos traz mais felicidade.
Dentro desse raciocínio, orgulho-me das minhas várias idades, não permitindo que as mazelas físicas me impeçam de experimentar novas emoções.
Nesse momento, por exemplo, resolvi aprender a tocar violão, sonho de toda uma vida. Talvez somente agora eu possa ter serenidade e tempo para me dedicar aos meus verdadeiros prazeres.
Essa é uma das grandes descobertas da velhice, a de usar o seu próprio eu em toda a sua plenitude, sem vínculos com o que pensam os outros, sem as vaidades de se tornar o melhor, mas com a disposição absoluta e total para o prazer.
 “Não paramos de nos divertir para ficarmos velhos. Envelhecemos porque paramos de nos divertir”. Anônimo.

Gabriel Novis Neves
23-01-2014

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