segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Cumplicidade


Pouco valorizada, a cumplicidade talvez seja o mais forte pilar para uma convivência duradoura e prazerosa.
Uma lástima que não a encontremos com relativa frequência, já que o nível de exigência é variável de pessoa para pessoa.
Nietzsche dizia: Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.
São tantas as nuances necessárias para conseguir que alguém realmente nos faça companhia que, com o passar dos anos, vamos desistindo desse sonho.
Quando ele acontece, não mais são necessárias palavras de convencimento ou de discórdia, já que as percepções mútuas e simultâneas são automáticas em função da extrema afinidade mental, e nos sentimos, então, verdadeiramente acompanhados.
Isso é válido para as poucas amizades reais, e quando acontece nas relações amorosas, é uma bela vivência.
Nas relações entre pais e filhos é muito comum o aparecimento do ciúme quando a diferença de afinidade provocada pela cumplicidade é percebida.
Aqueles que, embora muito amados, não conseguem nos fazer companhia, instigam reflexões, sem que possamos, na maioria das vezes, detectar a causa.
O fato é que relações, de qualquer tipo, sem esse tempero da cumplicidade vão se tornando pesadas, com pouca ou nenhuma intimidade e despidas de qualquer interesse maior, independentemente do tempo que elas durem.
Passamos a usar máscaras na convivência do dia a dia, o que nos descaracteriza totalmente como pessoas.
Formam-se relações formais, mentirosas, ainda que supostamente cordiais.
O despojamento pessoal, aliado ao diálogo franco, é o único caminho a ser tomado para fazer aflorar o desnudamento mental, sempre muito mais difícil e complicado que o físico.
Com certeza, vale a pena tentar...

Gabriel Novis Neves
08-01-2015

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