REVITALIZAÇÃO

A promessa de todos os candidatos para as próximas eleições de Cuiabá é de ‘revitalização do nosso chamado Centro Histórico’.

Essa denominação é mais ou menos recente e coincide com as ruinas dessa região.

Eu nasci nesse bairro que era residencial e de comercio.

O comércio, na sua maioria era comandado de migrantes libaneses, italianos e portugueses.

As farmácias tinham nome dos seus proprietários — Farmácia Campos, Rabelo, Vieira, do Dito Gabriel, Odir, Herani, Ivan.

As lojas Eufrosina, Scarcelli, Cabral, Mansur, Mutran, Bumlai, Laraya, Miraglia, Martiniano, Palma, Granja, Maluf, Biancardini, Alexandre etc. Latorraca padaria. Papazian fotógrafo. Pepe papelaria, livraria e tipografia.

Os comerciantes geralmente moravam nos fundos da loja e todos prosperaram muito.

Tudo em Cuiabá acontecia entre a rua de Baixo e a 13 de junho.

Bem mais tarde, com a mudança dos seus moradores para outros bairros e o falecimento dos proprietários do comércio, a região foi aos poucos sendo abandonada.

Por falta de manutenção seus velhos casarões feitos de adobe ruíram.

O governo federal criou um Instituto para cuidar do Patrimônio Histórico e Cultual das cidades.

Aqui chegou tarde, e aumentaram demasiado o chamado Centro Histórico.

Com parcos recursos federais houve a descaracterização do nosso passado arquitetônico português.

Tornou-se uma área perigosa, com algum comércio popular e morta.

O movimento comercial foi deslocado para os bairros e modernos shoppings.

Revitalizar o que morreu é ressuscitar, e o centro de Cuiabá em ruinas poderá ser um imenso museu para os estudiosos de história.

Com que dinheiro prefeitura e vereadores irão revitalizar o nosso antigo centro?

Em campanhas eleitorais tudo é válido, só não pode perder as eleições.

Meu umbigo está enterrado no centro, e toda a minha infância e juventude passei lá.

Gostaria que fosse verdade tudo aquilo que os candidatos falam no Programa Eleitoral Gratuito do TRE.

Gabriel Novis Neves

28-09-2024