sábado, 19 de outubro de 2024

PIPOCA


Conheci pipoca na carrocinha que ficava estacionada em frente ao bar do meu pai e na porta do Cine Teatro Cuiabá.


Era vendida em saco de papel pequeno e grande, bem salgadinha.


A meninada da minha época assistia a sua fabricação e sempre consumia.


Essas carrocinhas expandiram para as portas das escolas, e bem mais tarde para dentro da cidade universitária.


No escuro do cinema era comum se ouvir o barulho da mastigação dos milhos da pipoca.


Comprava-se o ingresso para o cinema com um saco de pipoca na mão.


Quando foi instalada a universidade federal no Coxipó da Ponte, logo apareceu a carrocinha de pipoca.


O pipoqueiro, que até hoje tira o seu sustendo da venda da pipoca, teve todo o apoio da reitoria.


Trabalha, inclusive à noite, e a carrocinha é guardada nas dependências da universidade.


Isso despertou a curiosidade de alunos e professores, que ficaram seus amigos.


Certa ocasião, recebi fotografias do pipoqueiro e sua carrocinha, no lugar onde ficava após o término das aulas da noite.


Um professor, que ficou muito amigo do vendedor, sendo inclusive seu ‘biógrafo’, colocou-o em ‘vídeo e voz’ para um papo comigo.


Fiquei sabendo de fatos que nunca imaginei, bastante gratificantes para mim, como por exemplo, a sua permanência na cidade universitária e como tudo começou na vida desse ‘migrante e pobre’.


Tenho em casa sempre o milho de pipoca, e em ‘casos especiais’ peço a cuidadora de plantão que prepare uma vasilha para mim.


É quando, encostado na cabeceira da cama amparado por três travesseiros, assisto pela TV, as partidas do meu ‘time do coração’ e o de ‘adoção bairrista’.


Pipoca gostosa é bem salgadinha, e não vejo quando a travessa se esvazia.


Em jogo difícil, peço bis, e termino com a outra quantidade sem perceber.


Durmo bem e só vou me lembrar das pipocas salgadas quando vou pesar e constato aumento do peso produzido pela retenção de líquidos pelo sal da pipoca.


Prometo que não irei mais pedir pipoca salgada, mesmo que o ‘meu time esteja sofrendo’.


Gabriel Novis Neves

12-07-2014




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