Não significa esconder, e sim colocar algo valioso em lugar seguro e de fácil acesso.
Há muito tempo não uso abotoaduras, indispensáveis com camisas de terno.
Tenho dois pares que ganhei, e não me lembro de quem.
Certeza tenho que não as comprei.
Acho ambas bonitas e preciso de uma para usar no sábado.
Estão tão bem guardadas, e não me lembro onde.
O psicanalista aprende a abrir as caixinhas das nossas emoções.
É um trabalho especializado que às vezes demora anos, ou a vida inteira.
Pensei em alternativas para resolver esse problema, que é urgente.
Basta trocar a camisa que precisa de abotoadura, por uma onde o botão resolve.
Complicamos a nossa vida para coisas simples, e esquecemos da sua parte importante, como cuidar da longevidade saudável, educação dos filhos e planejamento adequado, para não sofrermos humilhações financeiras no futuro.
O resto só Deus sabe, como os imprevistos da nossa saúde.
No Brasil é proibido a eutanásia, e quantos de nós nem nos lembramos de doenças, como a de Alzheimer.
Os portadores dessa doença e outras que acometem o nosso cérebro, ficam vegetando dependentes de cuidadoras.
Desligam-se totalmente da vida, e nessa situação podem permanecer com os batimentos cardíacos por anos.
A vida só tem sentido quando se pode viver com todos os sinais vitais controlados e sem nenhuma doença maligna em atividade.
Essa é a velhice desejada, quando coisas sem importância são guardadas e não encontradas.
Os entulhos que acumulamos em nosso cérebro, precisam ser eliminados.
Vamos esquecer das abotoaduras e continuar ativos lendo e escrevendo, participando das novas gerações de netos e bisnetos.
Essas recordações quero guardá-las debaixo do meu travesseiro, neste resto de vida que ainda me sobra.
Gabriel Novis Neves
23-10-2024
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