sábado, 26 de outubro de 2024

GUARDAR


Não significa esconder, e sim colocar algo valioso em lugar seguro e de fácil acesso.


Há muito tempo não uso abotoaduras, indispensáveis com camisas de terno.


Tenho dois pares que ganhei, e não me lembro de quem.


Certeza tenho que não as comprei.


Acho ambas bonitas e preciso de uma para usar no sábado.


Estão tão bem guardadas, e não me lembro onde.


O psicanalista aprende a abrir as caixinhas das nossas emoções.


É um trabalho especializado que às vezes demora anos, ou a vida inteira.


Pensei em alternativas para resolver esse problema, que é urgente.


Basta trocar a camisa que precisa de abotoadura, por uma onde o botão resolve.


Complicamos a nossa vida para coisas simples, e esquecemos da sua parte importante, como cuidar da longevidade saudável, educação dos filhos e planejamento adequado, para não sofrermos humilhações financeiras no futuro.


O resto só Deus sabe, como os imprevistos da nossa saúde.


No Brasil é proibido a eutanásia, e quantos de nós nem nos lembramos de doenças, como a de Alzheimer.


Os portadores dessa doença e outras que acometem o nosso cérebro, ficam vegetando dependentes de cuidadoras.


Desligam-se totalmente da vida, e nessa situação podem permanecer com os batimentos cardíacos por anos.


A vida só tem sentido quando se pode viver com todos os sinais vitais controlados e sem nenhuma doença maligna em atividade.


Essa é a velhice desejada, quando coisas sem importância são guardadas e não encontradas.


Os entulhos que acumulamos em nosso cérebro, precisam ser eliminados.


Vamos esquecer das abotoaduras e continuar ativos lendo e escrevendo, participando das novas gerações de netos e bisnetos.


Essas recordações quero guardá-las debaixo do meu travesseiro, neste resto de vida que ainda me sobra.


Gabriel Novis Neves

23-10-2024




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.