segunda-feira, 7 de outubro de 2024

HISTÓRIA


O professor Helmut Daltro está escrevendo sobre os cinquenta anos do Centro de Ciências Agrárias da nossa universidade federal.


Ele teve a gentileza de me enviar a parte que escreveu.


Daltro foi nomeado por mim para implantar os cursos das ciências agrárias: agronomia, engenharia florestal, zootecnia, medicina veterinária.


Contou as peripécias que encontrou e venceu.


Muitos fatos relatados estavam dormindo no meu esquecimento.


Foram despertados pela leitura que saboreei com o gosto de hoje.


A história do ‘doce de caju’ é de uma beleza de um tempo que passou e não volta mais.


O antigo ‘Fomento Agrícola’, do Ministério da Agricultura, havia desativado há anos uma área rural no município de Santo Antônio do Leverger.


Precisávamos de uma área para implantar a Fazenda Experimental do nosso Centro de Ciências Agrárias.


Sabedor dessa situação, o nosso professor foi a um Congresso em Brasília.


Lá encontrou o ministro da agricultura, Alisson Paulinelli.


Relatou o caso, e ele aprovou de imediato a cessão dessas terras para a UFMT, mas a autorização era do Departamento de Patrimônio da União, que funcionava no Rio de Janeiro.


Helmut me telefonou e eu autorizei com passagem e diárias o seu deslocamento para o Rio.


No primeiro horário de funcionamento do departamento ele foi falar com o diretor.


Encontrou uma senhora de idade que o atendeu depois de ouvi-lo.


Quando ele disse que era de Cuiabá seus olhos encheram de lágrimas.


Disse que ficara viúva após anos de felicidades, e ela conheceu o seu marido numas férias em Cuiabá.


Relatou os lugares que frequentou, assim como a comida típica cuiabana.


Nunca se esqueceu do ‘doce de caju em caldas’ que experimentou e gostou.


Conversou bastante com o nosso diretor e se interessou pela causa.


Faria o relatório para o diretor aprovar e encaminhar ao Presidente da República para os devidos fins.


Pediu que o nosso professor a procurasse no dia seguinte.


Terminada a reunião, o Helmut me relatou os fatos e pediu que lhe enviasse com urgência um ‘vidro com doce de caju”.


Por sorte encontrei um portador que fez a encomenda chegar rapidinho ao Helmut.


No outro dia, ao encontrar com a funcionária, ela disse que havia feito o relatório e o levaria ao diretor com o Helmut.


Este tirou de uma sacola o vidro com o doce de caju e a presenteou.


A senhora chorou como agradecimento.


Hoje não existiria mais essa história e a doação seria criminalizada.


Seria corrupção e assédio sexual!


Tudo ficou tão chato e burocrático, e as demandas se perdem pelas gavetas dos ministérios.


O diretor das ciências agrárias tinha autonomia não precisando de tutela de um congressista.


Gabriel Novis Neves

27-09-2024





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