Há
mais de meio século trabalho com mulheres. Como ginecologista, é lógico, serem
elas minhas clientes preferenciais.
Acompanho
as suas gestações, faço os seus partos e assisto-as profissionalmente com a
neo-natologista até o puerpério. Se a criança for uma menina, após esse período
de resguardo, que tem a duração de quarenta dias, a recém-nata é entregue aos
cuidados de uma pediatra-puericulturista.
Na
adolescência recebo-a de volta definitivamente. É outro ciclo de experiências
que tem início, pois, os seres humanos são todos muito diferenciados, de acordo
com a sua geração.
Essa
é outra coisa fascinante desse meu trabalho, lidar com as diferenças e
conflitos familiares de diferentes épocas.
A
mãe continua desfilando ao seu ginecologista as preocupações normais das várias
fases deste ciclo biológico, que se inicia com o nascimento e, um dia, se
exaure.
A
morte não existe, mas sim, o encerramento da nossa existência. Essa denominação
de morte faz parte da nossa cultura religiosa e devemos respeitar.
Não
existe uma verdade, como não existe uma só religião, que é uma forma de
atingirmos o bem.
Esta
é a visão superficial de um médico no seu contato permanente com as mulheres,
esses seres humanos tão diferenciados e iguais nos seus temores e fantasias.
E
o poeta que sempre cantou o amor encantando as mulheres de todas as idades?
Vale
a pena saber como Vinícius de Moraes se inspirava nos mais lindos poemas sobre
as mulheres, emocionando gerações de pessoas.
“Há
mulheres altas e mulheres baixas; mulheres bonitas e mulheres feias; mulheres
gordas e mulheres magras; mulheres caseiras e mulheres rueiras; mulheres
fecundas e mulheres estéreis; mulheres primíparas e mulheres multíparas;
mulheres extrovertidas e mulheres inconsúteis; mulheres suaves e mulheres wagnerianas;
mulheres simples e mulheres fatais – mulheres de toda sorte de mulheres no
nosso mundo de homens”.
Será
que depois de tantos detalhes visto pelo poeta o ginecologista será mais
valorizado por trabalhar com tanta complexidade?
Não
existem mulheres invejosas, apenas mulheres que gostariam de ser a outra.
Todas
são encantadoras, simpáticas, atraentes, cativantes nas suas emoções de dar
vida a uma simples célula humana.
Gabriel Novis Neves
24-01-2014
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