quarta-feira, 5 de março de 2014

O POETA

Diferente do romancista, cronista, articulista, o poeta consegue em uma simples rima, traduzir com perfeição o mundo que vivemos.
Matéria para várias enciclopédias, ele tem o poder de com a sua poesia, que são simples palavras agrupadas e curtas frases, transformar a nossa dura realidade em sonhos inesquecíveis pela sua beleza estética e, dura realidade humana.
Quem conseguiria viajar em um minuto por todos os nossos sentidos, não se esquecendo de sequer um simples detalhe?
Só o poeta é capaz de cumprir essa proeza, privilégio para poucos.
Um minuto é a duração máxima de um beijo (Vinícius de Moraes). O poeta, no seu poema “Um beijo”, esticou esse minuto em uma verdadeira varredura em todos os recônditos das nossas emoções.
Descreveu magistralmente, os segundos de um minuto de um beijo e, navegou no mar que sempre foi o seu, o das fantasias dos apaixonados.
 “Em segundos de espanto, quantos milhares de bocas estão uivando de sofrimento!
Quantas crianças nascendo para morrer em seguida.
As esperanças perdidas fazendo nascer um mundo de mal amadas.
Quantos doentes neste minuto estão recebendo a extrema-unção.
Quanto sangue derramado, dentro dos corações.
Quantos cadáveres sozinhos em mesa de necrotério.
Quantas mortes sem carinho.
Quanto câncer sub-reptício cujo amanhã será tarde.
Quanto enfarte do miocárdio.
Quanto medo, quanto pranto, quanta paixão, quanta luta”!
Tudo isso pelo encontro de um beijo de um minuto, desse beijo de um minuto, mas que cria em seu tempo, a eternidade da vida à morte.
Só um poeta tem tanto assunto, para apenas um minuto de poesia.

Gabriel Novis Neves
17-01-2014

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