domingo, 23 de março de 2014

Homenagens

Tenho muito receio de ser homenageado após o encerramento do meu ciclo vital.
Não é invencionice minha, mas fatos reais que observo.
Vivemos em um país onde não se preza a memória. É comum, passado algum tempo da homenagem, muitas vezes erroneamente recebidas em vida, esse gesto ser anulado. Outros supostos merecedores entram no lugar daquele que, simplesmente, foi substituído.
Trocam-se nomes de logradouros públicos de acordo com as conveniências do momento.
A indignação daqueles que prezam a memória se manifesta em artigos publicados pela mídia.
O troca-troca de nomes de logradouros públicos é fato empregado em todos os Estados desta nação.
Apagado o nosso passado, ficamos sem presente e sem entender o futuro.
Se determinada pessoa, que julgamos não ser merecedora de honra oficial, em vez de substituir o seu nome, deveríamos estudar a história e entender o porquê de tamanha homenagem.
Nossa ex-Cidade Verde já utilizou, e muito, essa prática do apagão do homenageado original, negando assim aos jovens conhecer melhor as nossas circunstâncias passadas.
Ruas, avenidas, escolas, e até o nome do nosso Aeroporto Internacional e estádio de futebol, foram vítimas desse nosso costume.
Mesmo aqueles considerados merecedores das inoportunas homenagens teriam um castigo muito mais cruel, expondo ao público o seu passado, que só o tempo interpreta com sabedoria, em vez do irresponsável troca-troca.
Faltam neste país mais educação e professores comprometidos com a história da verdade da nossa vergonhosa escalada educacional.
Quando isso acontecer, os fabricantes de títulos terão mais parcimônia nas suas escolhas, pois saberão que, um dia, também serão julgados.

Gabriel Novis Neves
18-02-2014

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