quinta-feira, 6 de março de 2014

Banalização da violência

A hipertrofia do Estado Brasileiro vem aumentando progressivamente desde o século XIX.
Atualmente todos os modelos de política pública, se é que existem, partem unicamente de Brasília, desprezando-se esse grande território que vai do Oiapoque ao Chuí, com as suas diferentes demandas. Os municípios existem no papel, mas não de fato.
O aumento do populismo, visível nesses últimos anos, só fez com que se tornassem cada vez maiores os protestos nos diversos centros urbanos.
Com a deterioração dos três pilares do Estado, a força policial, o Poder Judiciário e o Executivo, tornou-se evidente o descontrole das grandes massas populares pelo país afora.
Tentativas ingênuas, como a de criação de leis antiterror, visam apenas conter a insatisfação social em momentos de grandes eventos, como por exemplo, numa Copa do Mundo.
Além disso, essas soluções podem ser extremamente perigosas, uma vez que diminuem muito o limiar entre práticas democráticas e práticas autoritárias.
Seriam as máscaras usadas nos protestos também proibidas no carnaval? Qual o limite?
Como lidar com movimentos específicos como os dos “Black Blocs”, se a própria polícia não está reformulada de acordo com as novas demandas libertárias da sociedade?
A centralização do poder tirou das ruas os movimentos estudantis, outrora fortes e com reivindicações nítidas.
Diferem os novos protestos, geralmente oriundos das mais diversas correntes anárquicas e sem qualquer tipo de liderança ou proposta.
O mais grave é que a violência dos protestos só faz aumentar, enquanto o poder público e os partidos políticos estão apenas interessados nos resultados eleitorais que os esperam, numa completa irresponsabilidade com o momento atual, extremamente delicado.
A sociedade como um todo, inclusive com seus vinte milhões de cidadãos que ascenderam à classe média, está cada dia mais consciente de seus direitos básicos de saúde, educação e transporte.
Entretanto, ouvidos moucos de um poder altamente centralizado, não consegue, ou não quer, se sensibilizar diante dos fatos evidentes que ameaçam o que ainda chamamos de democracia.
Mas por quanto tempo será possível manter um país em que uns poucos mandam sem questionar o clamor das ruas e a grande maioria obedece pretensamente resignada?
Tudo isso num mundo que tenta sair de uma crise econômica séria, apesar do crescimento assustador da tecnologia.
Em que labirinto estaremos nós nos metendo?

Gabriel Novis Neves
12-02-2014

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