A
hipertrofia do Estado Brasileiro vem aumentando progressivamente desde o século
XIX.
Atualmente
todos os modelos de política pública, se é que existem, partem unicamente de
Brasília, desprezando-se esse grande território que vai do Oiapoque ao Chuí,
com as suas diferentes demandas. Os municípios existem no papel, mas não de
fato.
O
aumento do populismo, visível nesses últimos anos, só fez com que se tornassem
cada vez maiores os protestos nos diversos centros urbanos.
Com
a deterioração dos três pilares do Estado, a força policial, o Poder Judiciário
e o Executivo, tornou-se evidente o descontrole das grandes massas populares
pelo país afora.
Tentativas
ingênuas, como a de criação de leis antiterror, visam apenas conter a
insatisfação social em momentos de grandes eventos, como por exemplo, numa Copa
do Mundo.
Além
disso, essas soluções podem ser extremamente perigosas, uma vez que diminuem
muito o limiar entre práticas democráticas e práticas autoritárias.
Seriam
as máscaras usadas nos protestos também proibidas no carnaval? Qual o limite?
Como
lidar com movimentos específicos como os dos “Black Blocs”, se a própria
polícia não está reformulada de acordo com as novas demandas libertárias da
sociedade?
A
centralização do poder tirou das ruas os movimentos estudantis, outrora fortes
e com reivindicações nítidas.
Diferem
os novos protestos, geralmente oriundos das mais diversas correntes anárquicas
e sem qualquer tipo de liderança ou proposta.
O
mais grave é que a violência dos protestos só faz aumentar, enquanto o poder
público e os partidos políticos estão apenas interessados nos resultados
eleitorais que os esperam, numa completa irresponsabilidade com o momento
atual, extremamente delicado.
A
sociedade como um todo, inclusive com seus vinte milhões de cidadãos que
ascenderam à classe média, está cada dia mais consciente de seus direitos
básicos de saúde, educação e transporte.
Entretanto,
ouvidos moucos de um poder altamente centralizado, não consegue, ou não quer,
se sensibilizar diante dos fatos evidentes que ameaçam o que ainda chamamos de
democracia.
Mas
por quanto tempo será possível manter um país em que uns poucos mandam sem
questionar o clamor das ruas e a grande maioria obedece pretensamente
resignada?
Tudo
isso num mundo que tenta sair de uma crise econômica séria, apesar do
crescimento assustador da tecnologia.
Em
que labirinto estaremos nós nos metendo?
Gabriel
Novis Neves
12-02-2014
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