Que
razões levariam um dos países europeus menos conservadores a mudar a opinião
pública de seus habitantes tão subitamente?
Afinal,
a França é o baluarte das liberdades, inclusive das relacionadas com a moral e
com a afetividade.
Jamais
interessou aos franceses a vida íntima de seus governantes. Povo culto, de bom
poder aquisitivo, tem sempre coisas muito mais importantes para se preocupar,
tais como a alta taxa de desemprego, a crise econômica e o problema com os
imigrantes.
Episódios
que teriam se tornado escândalos em países moralmente mais hipócritas, lá,
escoam em águas tranquilas do cotidiano.
No
momento atual o seu mandatário, avesso às convenções estabelecidas, inclusive à
do casamento, viu-se, de repente, manchete das páginas de jornal em função dos
seus arroubos afetivo sexuais.
Sim,
os franceses não são muito ligados na moral vigente, mas sim, nos desastres
econômicos que a falta dela pode causar.
Dessa
feita, uma das componentes do triângulo amoroso provocou um prejuízo de três
milhões de euros ao erário público num de seus ataques histéricos de ciúme. O
palácio do governo teve várias de suas peças danificadas. Tudo isso fartamente
divulgado pelos tabloides locais e pela mídia televisiva.
Isso
para os franceses, esses “experts” do amor, é absolutamente injustificável,
tornando-os figuras desprezíveis de dramalhões latino-americanos.
Que
o presidente tenha as aventuras temporárias de sua predileção, tudo bem, mas
que escolha melhor as suas cúmplices para que os desastres amorosos não saiam
dos limites das respectivas alcovas. Parece que o padrão de qualidade das
eleitas não tem sido exatamente o que a sociedade espera de uma figura política
de tamanha importância.
Aliás,
o referido presidente tem tropeçado até nas alterações políticas que dele se
esperavam, causando ao seu eleitorado uma profunda decepção.
Da
expressão tão frequentemente usada pelo povo francês, comum em pequenos
incidentes sem maiores importâncias, “tudo tem se tornado muito grave”, já que
prejuízos de qualquer ordem, contam muito, não só para eles, mas para todos os povos que
vivenciaram os horrores de duas grandes guerras.
Nós,
com o nosso perdularismo, estamos sempre muito mais interessados na vida íntima
de nossos governantes do que nos imensos desastres econômicos que suas condutas
políticas equivocadas podem nos causar.
Coisas
do terceiro mundo.
Gabriel
Novis Neves
03-03-2014
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