Agora
que a “vaca foi pro brejo”, há uma intensa mobilização entre as prefeituras de
Cuiabá e Várzea Grande no sentido de mudar a cara dessa região metropolitana,
há menos de cem dias da Copa.
Foram
seis anos de promessas, e o resultado é esse. O México, em apenas três anos se
preparou para a Copa, onde "Deus" fez um gol pelas mãos do Maradona.
Esse
programa para salvar Cuiabá e Várzea Grande de uma humilhação recebeu o nome de
“Agradar turista”.
“Greta
Garbo acabou no Irajá”, foi a associação de ideia que fiz ao ler essa notícia.
O
governo prometeu e falou o tempo todo na importância do legado da Copa do Mundo
para a nossa esquecida Cuiabá.
Teríamos
uma cidade modernizada, bonita, com o maior sistema de transporte modal (23k)
da América Latina, pontes, viadutos, trincheiras, rotatórias e amplas avenidas
com iluminação de ponta.
Nosso
Centro Histórico revitalizado, atividades culturais, exposições, não contando a
pista dupla para a Chapada dos Guimarães e as centenárias pontes de madeira,
substituída pelas de concreto, rumo ao Pantanal.
Pousadas
e hotéis facilmente acessíveis por excelentes estradas vicinais e uma eficiente
rede de comunicação com telefone e internet.
Na
área social a construção do novo Hospital Universitário Júlio Muller na estrada
de Santo Antônio de Leverger com duzentos e cinquenta leitos, construção de
mais duas unidades das UPAS e abertura do Hospital São Benedito.
A
maquiagem da cidade “para agradar turista”, já que muitas dessas obras não
saíram das intenções, terá início com a pintura do meio fio das calçadas
esburacadas, cuja cor está sendo discutida para autorização da FIFA.
Um
mutirão de árvores ornamentais está com o seu plantio programado, pois as
existentes foram derrubadas dos canteiros centrais para o VLT passar, o que
acontecerá em fins de 2015.
Está
marcado um banho de “Leite de Rosas” nas ruas e córregos que recebem ”in
natura” o esgoto, como da Arena Ecológica do Pantanal, para abafar o odor
desses resíduos líquidos e sólidos, tendo como destino o nosso quase morto Rio
Cuiabá.
As
modestas pracinhas de Cuiabá, hoje dormitório de moradores da rua, mendigos e
dependentes químicos, com certeza serão desumanamente retirados pela polícia e
alojados em algum esconderijo, longe dos olhos dos turistas que “precisam de
agrado”.
Do
contrário, não voltam mais, e ainda farão propaganda negativa da nossa quase
tricentenária cidade.
A
igrejinha de São Benedito, nosso marco cultural com melhor visibilidade, já
apresenta iluminação da Copa, fato este que não despertou o mínimo entusiasmo
dos moradores de uma cidade que tanto esperava como legado, e nem foi notícia
no Jornal Nacional.
Percebo
na gente da minha cidade uma imensa frustração pelo prometido e que virou um
traque, assim como a diva do cinema Greta Garbo que, no teatro, terminou no
Irajá.
Gabriel Novis Neves
07-03-2014
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