segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Só me faltava essa!

Antes de o sol nascer, um amigo me telefona de São Paulo dizendo que estava com o jornal Folha de São Paulo nas mãos. Queria saber se eu era o secretário de Saúde no período do Home Car.

Acalmei-o, embora surpreso com a notícia que ele me passou e que causou repercussão nacional.

O meu período de secretário de Saúde em 2003, contando sábados e domingos, não ultrapassou 23 dias - um recorde até então.

Para tomar essa decisão de abandonar um cargo tão importante para o meu Estado, pesou muito o que aprendi com os meus alunos da UFMT nos seus protestos: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”

Antes de setembro de 2003 findar, já tinha deixado o cargo para o meu chefe de gabinete, o professor e ex-reitor da UFMT, Helmut Daltro.

Ele poderá relatar quem assumiu a Secretaria e como passou o cargo, menos de 24 horas da minha exoneração a pedido.

Encerrei a minha longa vida pública após 41 anos.

Nesse período, transformei o hospital Colônia de Alienados do Coxipó da Ponte em Adauto Botelho.

Implantei a nossa UFMT em Cuiabá, e Campus em Rondonópolis e Pontal do Araguaia.

Fui seis vezes secretário de Estado: Educação (2 vezes), Saúde (2 vezes), Desenvolvimento Social e Casa Civil.

Suplente de senador por votos, e não, como hoje. Fui mandado para casa pelo meu povo cuiabano, quando fui redondamente derrotado para prefeito da cidade, onde tinha construído uma nova cidade no Coxipó.

Só disputei eleições majoritárias, pois não constava nos meus planos tornar-me um político profissional.

Trabalhei durante 12 anos na UNIC com o Dr. Altamiro Galindo, implantando o curso de Medicina com o Hospital Geral Universitário, antigo Hospital Geral.

Participei da criação de empresas hospitalares e outras.

Atualmente continuo exercendo a minha profissão de médico e nas poucas horas vagas sou jornalista e fotógrafo.

Após a minha caminhada matinal estatutária, abro o computador. A minha caixa de emails está cheia de indagações de amigos/as pedindo explicações a respeito do rumoroso caso da Secretaria em 2003.

Pacientemente respondi a todos e disse que fiquei sabendo o que todo mundo sabia pela imprensa.

Tinha a certeza que um dia a verdade iria aparecer, por isso, jamais comentei nada. Vivo em Mato Grosso e tenho juízo, ou como dizia o sofrido Brizola, que mingau quente se come pelas beiradas.

Sofri muito nesse período todo e, inclusive, a minha história de vida tentaram atingir.

Em casa acompanho pelos jornais, TV, sites e blogs esses tristes acontecimentos que matou a esperança de uma geração que ainda acreditava em quebras de paradigmas.

Essa página da nossa história tem que ser esquecida, pois a vida continua.

Só me faltava essa! Explicar o que não devo.


Gabriel Novis Neves

20-09-2011

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