quarta-feira, 21 de setembro de 2011

BANALIZARAM OS COMPROMISSOS

Que saudade dos compromissos verbais assinados somente com um forte aperto de mão! Ai daquele que rompesse os acordos combinados. Era execrado publicamente!

Os tempos se passaram. Uma série de leis surgiu em nossas vidas, todas no sentido de castrar os homens que foram criados para respeitar a palavra empenhada.

Falar é fácil, difícil é cumprir, é a voz do povo diante de certos comportamentos, especialmente dos nossos homens públicos.

Todas as vezes que a imprensa noticia um absurdo administrativo, e isso tem sido diário, surge logo uma nota oficial dizendo que esse problema será prontamente resolvido. Pura enganação, que não convence nem o mais distraído dos humanos.

O escândalo do transporte escolar rural se arrasta por longos dez anos. Quando o limite de tolerância dos alunos, pais e professores são divulgados pela mídia, logo surge a cretina informação oficial: o problema será resolvido na próxima semana e todas as providências já foram adotadas.

Fui Secretário de educação do Estado em dois períodos distintos. Na primeira vez, a área rural era bem populosa e a secretaria mantinha as escolas rurais. Muitas vezes a escola funcionava na sede das fazendas. Não havia, portanto, problema com o transporte escolar.

Na segunda vez, as máquinas expulsaram a população rural para as cidades, que ocuparam as suas periferias devido a desqualificação urbana do homem rural. A população rural ficou rarefeita e o governo com a responsabilidade constitucional de fornecer ensino fundamental.

Como solução surgiu o aparecimento de uma escola para atender uma região e o governo ficaria também encarregado de transportar os alunos até ela. As empresas de transporte escolar foram criadas pelos políticos e colocadas em nome de laranjas. Eram contempladas em licitações. Ônibus caindo aos pedaços, com segurança zero, de atendimentos irregulares e, o pior, sem critérios do governo do Estado para complementar o pagamento do deslocamento das crianças até a escola.

Na euforia da quebra de paradigmas, o governo se recusou a pagar às prefeituras restos financeiros do ano anterior e, ditatorialmente, avisou, não pela Secretaria da Educação, mas por outros canais, que não iria mais ajudar no transporte dos escolares.

Diante da pressão dos prefeitos, adotou-se um método político de ressarcimento das despesas. Santo Antonio de Leverger é o município que mais sofre com a educação rural. As distâncias são enormes e não há nenhum critério técnico e honesto para garantir os direitos dos estudantes.

O que manda é a politicagem e a banalização dos compromissos assumidos com a população. Isso está disseminado em todos os setores do poder.

Há pouco tempo recebemos a visita da ministra da Pesca, que veio para assinar um protocolo de intenções para construir tanques para criação de peixes.

Agora, o governo do Estado assinou um convênio com a reitora da UFMT, para construir, meio a meio, um novo hospital universitário, em quatro anos. O antigo será fechado para pesquisas, assim como o São Thomé virou, de hospital de Doenças Tropicais, em garagem de ambulâncias do Samu. O hospital Modelo, que seria para alta complexidade, terminou como mais uma área burocrática.

A banalização dos compromissos levou ao descrédito a inauguração, no ano passado, do Hospital da Criança, e o fim das filas para cirurgias.

A mais recente banalização na área da saúde, foi o blefe da nova administração pela OSS de Pernambuco, do hospital Metropolitano de Várzea Grande - que no seu primeiro mês foi um fiasco em termos de desempenho.

São tantos os exemplos recentes da banalização dos compromissos assumidos, que ninguém acredita mais nos nossos governantes.

O governo está terminando, e nada. Vivemos a banalização dos tempos modernos.

Até quando, gente?!!!


Gabriel Novis Neves

15-09-2011

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