quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Feriado

Quando cai na quarta-feira, tem o nome de feriadão - que é uma invencionice nossa, bem brasileira. Quem neste país tropical irá trabalhar segunda e terça, quinta e sexta? Uma minoria, com certeza.

Esse feriado é uma pedra no caminho, e boa romaria faz quem planeja uma semana diferenciada.

Comecemos com o exemplo de Brasília, onde a semana inicia-se na terça e termina na quinta. Dá para acreditar que algum representante do povo, sairá das suas bases na terça pela manhã com retorno no mesmo dia? Quinta pela manhã, mais uma ida ao Congresso, com volta após o almoço? Grande parte dos nossos representantes mora em hotéis, e mesmo com todas as mordomias a que têm direito, esse sacrifício não compensa.

Sou daqueles que acredita que o exemplo vem de cima, e imagino o que irá acontecer em milhares de municípios brasileiros nesse feriadão. Os políticos realmente precisam de um descanso extemporâneo. O poder é uma enorme sala de visitas para distribuir favores aos privilegiados, ou aos que se julgam importantes. É extremamente cansativo suportar as conversas intermináveis das pessoas que conseguem uma audiência, não para levar sugestões para a melhoria das condições de vida da nossa gente, e sim, para pedir confortáveis abrigos pessoais.

Em contrapartida, a maioria dos nossos governantes utiliza todo o seu tempo disponível para cuidar dos seus próprios negócios. Deve ser gratificante o empresário entrar na política. Pelo menos a burocracia é eliminada e os seus interesses pessoais colocados no seleto pacote para atendimentos especiais.

O governo se alimenta de votos e nada melhor do que ter muitos doadores. São Francisco dizia que é dando que se recebe. Modernamente, FHC declarou que política no Brasil se faz seguindo o toma lá dá cá. É uma redundância discutir um simples feriadão da Semana da Pátria, em uma nação que está fechada para faxina.

Enquanto não ficar tudo bem esclarecido, a ordem é prolongar ao máximo o prazo da faxina, para não dizer que o Brasil parou por falta de recursos.

A presidente tem mandado os seus torpedos. O último veio da sua visita aos operários de Belo-Horizonte, e acertou muita gente graúda.

Aquele que disse que o SUS estava atingindo a perfeição no atendimento e outros, que repetiram, por anos, que nunca faltou dinheiro para a saúde e que o problema era eliminar os mafiosos do setor e colocar gestores leigos - o recado presidencial foi curto e grosso:

"Quem afirma isso são os demagogos e mentirosos".

Aproveitem o feriadão, e vejam se a carapuça serviu para algum conhecido.

Gabriel Novis Neves

02-09-2011

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