sexta-feira, 11 de junho de 2010

O PECADOR

Quem sou eu para atirar a primeira pedra? Pecadores? Todos nós somos, entretanto não freqüento a escola cujo professor de religião é um pecador contumaz. Na minha casa aprendi que o melhor professor é aquele que ensina o que faz, e a melhor pedagogia é a do exemplo.

Vivemos um momento em que a maioria dos homens faz o que diz condenar. Essa contradição é gritante na política, mas também a encontramos em outras áreas, só que em menor escala.

Esta semana vejo a foto da governadora do estado com o menor índice de qualidade de vida do Brasil, vestindo uma camiseta de um partido que sempre a combateu. Vale tudo para tentar o seu tetra mandato para governadora do pobre estado, e que tem dono. O seu professor é pós-doutor em dizer o que não faz. Como o poder corrompe os fracos de caráter! Também pudera! Com certeza essa moça do nordeste não recebeu os ensinamentos básicos de como identificar um bom professor. Ou se aprendeu, já desaprendeu, em nome de cobiças inconfessáveis.

A falência da educação não é privilégio somente daquele pequeno pedaço do território nacional. Em todo o Brasil a educação caseira, familiar, praticamente não existe mais. Com o empobrecimento da população todos os membros de uma família, aptos para o trabalho, vão à busca do pão de cada dia. Cansados, após um dia de estafante trabalho, não lhes sobram ânimo para dar atenção às crianças. Estas então ficam à mercê da única educação possível: a da escola pública. Dupla calamidade: sem orientação familiar e praticamente sem instrução escolar. O resultado está aí: um país cada dia mais desigual e incompreensível.

Vejam o trabalho de casa que recebemos. Escolher os nomes dos nossos melhores representantes para governar o Brasil nos próximos anos. Temos que pegar um mapa, ou melhor, um álbum com jogadores de todos os países que participarão da copa, como tem o meu neto para preenchê-lo, e comentar sobre as qualidades e fraquezas de cada um. O meu neto xará comenta com detalhe sobre os jogadores da África e Ásia. E se o álbum fosse dos candidatos que governarão o Brasil? Conseguiríamos pelo menos identificar, e comentar sobre os futuros governadores e congressistas? Nenhuma criança, e muitos adultos, abortariam de saída essa brincadeira cívica, o que é muito preocupante.

O Dunga trocou os craques da seleção por jogadores, que no dizer do nosso técnico, “amam o nosso país”. O que falar dos políticos? Os craques foram substituídos exatamente por aqueles, que de um modo geral, não amam o Brasil, e sim os seus interesses. São desanimadores os nomes que nos são apresentados! Geralmente são mais conhecidos nas páginas policiais, que nos editoriais sobre o seu trabalho em benefício da nação. Os comentários sobre os bandidos sem representatividade ocupam mais espaços na mídia do que os fabricantes de escândalos públicos.

Estamos em um beco sem saída, para a alegria dos profissionais do poder. Mais uma vez os pecadores assumirão o poder.

Gabriel Novis Neves
25/05/2010

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