segunda-feira, 28 de junho de 2010

Casa de caboclo

O cancioneiro nacional nos ensina que “numa casa de caboclo, um é pouco, dois é bom, três é demais”. A aparente simplicidade dessa frase encerra uma gama de entendimentos para a vida real. Quando três ou mais pessoas reprovam recorrentemente certas atitudes nossas, alguma coisa está acontecendo. Provavelmente estamos errados e devemos corrigir os erros apontados. Na prática isso é difícil, ou quase impossível de acontecer, especialmente entre os poderosos.

Hoje pela manhã encontro casualmente com uma querida colega e paramos para bater uma rápida “prosinha”. Além de possuir todos os títulos acadêmicos, e ser professora concursada do curso de Medicina da nossa querida UFMT, ela é uma pessoa muito entendida em política. Neste mês de Copa do Mundo dois assuntos são obrigatórios na pauta dos brasileiros – Futebol e Política. Conversamos sobre a política no nosso estado. Absurdos, absurdos e mais absurdos, foi a nossa conclusão. “Como o senhor me explica que um político que promoveu um retrocesso institucional no estado, tenha tanta aprovação nas pesquisas?” - ela me pergunta, e a seguir emenda: “para certas pessoas que conheço este modelo administrativo, que ele diz ter implantado, é ultrapassado, e digno de um coronel do século XIX no poder.” Respondo que não há um fator determinante para tamanho insucesso e sim um conjunto deles. Cito dois que considero os mais importantes para esta falsa imagem: o desrespeito de compromissos assumidos com a população e não cumpridos, e a ausência da auto-estima da nossa população.

No recheio desse bolo, tudo o que é da pior qualidade é encontrado. Traições pessoais, políticas não republicanas sendo adotado como símbolo de modelo gerencial, desinteresse com o passado, o presente e o futuro da nossa gente. Basicamente estes foram os temas da conversa, entre o velho professor e a sua ex-aluna. Infelizmente tivemos que interromper a nossa “prosinha”, pois com tantos casos pra cá, casos pra lá, a “prosinha” já estava no caminho de se transformar num “papo sem fim”. Afinal, nos lembramos que somos trabalhadores, como a grande maioria do povo brasileiro, e temos que garantir o pão nosso de cada dia.

Marcamos um encontro para aprofundar o assunto em um dos feriados da Copa do Mundo, com pessoas da sua família, para evitar a monotonia de um simples diálogo. Voltando para casa fiquei matutando sobre a nossa inesperada conversa, assim como diante de uma catástrofe: como é que pode! “É extremamente fácil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja.” - Demóstenes - Grego.

Gabriel Novis Neves
28/06/2010

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