quinta-feira, 24 de junho de 2010

Democracia

Não ouvi pelo rádio o debate político, entre o Presidente de um partido político no estúdio de uma emissora de rádio com o seu candidato a candidato a governador, que o interrompeu pelo telefone. Também não fiquei sabendo de nada. Qual não foi, portanto a minha surpresa ao ler no jornal do grupo de comunicação do rádio, os pontos principais do entrevero. Nem o Nelson Rodrigues teria inspiração para escrever sobre o inusitado diálogo! A impressão causada em mim foi a melhor possível. Diferente de outros políticos, que no esconderijo jogam as suas mágoas para debaixo dos tapetes aveludados do poder, estufas da traição.

Há poucos dias a nossa guerreira Senadora fez o mesmo com o Presidente, sempre o Presidente, do seu partido. Chego até a acreditar que os tempos são outros. Ainda existem os coronéis na política, mas sem o poder imperial de outrora. Os dois correligionários do rádio falaram o que todo mundo já sabia. Até os mosquitinhos da dengue em seus passeios noturnos, comentavam o que ouviam das suas vítimas sobre esse Presidente também voador de partidos políticos. Tal mariposa procura sempre a lâmpada do poder. Muda de roupa com a maior facilidade, conforme a cor da luz produzida pela lâmpada mágica. Por longos anos usou roupas estampadas de tucanos, depois por pouco tempo mudou o estampado por estrelas vermelhas. Agora usa o uniforme das antigas ligas camponesas.

Democracia é assim que se pratica, mostrando ao eleitor aquilo que se passa entre as quatro paredes de uma reunião política. Opiniões divergentes entre membros do mesmo partido são salutares para a democracia. É uma forma pedagógica de esclarecer o eleitor, que precisa de informações as mais fidedignas possíveis, para votar consciente naqueles que irão decidir sobre o futuro do nosso país. Também é uma estratégia democrática para exterminar uma prática maligna da política que é a fofoca. Lembrei-me da época da universidade onde os embates eram duríssimos, alimentados pela juventude dos universitários. Também tudo acabava no debate, verdadeiros combates, sempre respeitando a vontade soberana da maioria.

Ninguém dessa geração passada guardou rancores em seus corações. Muito pelo contrário, me ensina meio século de vida acadêmica, como aluno, docente e reitor. Só fiz amigos na minha vida acadêmica. O mesmo não posso dizer da politicagem praticada, na política. No final da memorável divergência pública inédita em nosso estado houve um grande vitorioso, que foi a democracia, e claro, o eleitor. Quem saiu melhor na fotografia? Sinceramente não tenho conhecimentos técnicos para avaliar uma foto. Sei que existem detalhes que influenciam no seu resultado, como uma boa iluminação, a cor da camisa, o tipo de penteado e a expressão facial transmitida pela foto. Só o eleitor na solidão da cabine, diante da urna eletrônica, deixará no teclado o número do vencedor.

Assim funciona a democracia. Prato feito é atraso, meio caminho para se chegar à ditadura. O silêncio nesses momentos é covardia e traição. Vamos às divergências públicas candidatos do Brasil! Este país não suporta mais sujeiras debaixo dos tapetes e fofocas na versão moderna de dossiê.

Gabriel Novis Neves
09/06/2010

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