domingo, 20 de junho de 2010

Nova linguagem

Vivemos em pleno século do “novo”. Os nossos novos políticos são os mais antigos na atividade, só que em embalagens novas. O maior ladrão de terras públicas do Brasil, agora virou cidadão especial - no entender do maior político brasileiro e autor das duas citações. Os antigos terroristas são os atuais pais da pátria. Os velhos e novos ditadores mundiais são exemplos a serem seguidos. Os cientistas, pesquisadores e professores deste país do novo, humilhados com salários indignos. Os antigos parasitas dos cofres públicos são os nossos atuais estadistas. Até o nosso esporte mais popular - o futebol - tem também um linguajar novo. Os antigos amantes do futebol arte precisam agora de um intérprete para entender uma narração atual de um jogo do esporte favorito do povo brasileiro.

Esta semana em que o Brasil estreou contra a fortíssima Coréia do Norte, em que todos os seus jogadores são funcionários públicos do governo democrático e popular, recomendo a leitura de um artigo do Roberto Pompeu de Toledo. Ele fala do futebolês ao alcance de todos. É uma crítica inteligente sobre o novo linguajar utilizado pelos narradores e comentaristas de futebol. No seu artigo PomItálicopeu nos esclarece o significado de várias expressões. Irei citar algumas.

Segundo Pompeu, “caiu em desuso dizer que um time, ou um jogador é bom. Diz-se que tem qualidade. Qualidade é a palavra chave. É qualidade para cá, qualidade para lá.” Prosseguindo ele esclarece: “não vá o desavisado chamar estádio de “estádio”. É arena. Arena já foi partido político e local onde os gladiadores se estripavam, entre si ou de encontro às feras. Já estádio indica o local das exibições de ginástica e das provas olímpicas.”

Outras expressões são mais técnicas e exige do leigo redobrado empenho se deseja atualizar-se. “Assistência não é público na arquibancada, nem à necessidade de ambulância para socorrer algum ferido. Significa o último passe antes do chute em direção ao gol. Antigamente o Didi deixava o Garrincha “na cara do gol”. O Príncipe Negro fazia lançamentos de quarenta metros, e jamais aceitaria ser chamado de jogador-assistência. Valorizar a posse da bola era a velha “fazer cera”. Proposta de Jogo é a disposição que o time tem quando entra em campo. Chamar a si a responsabilidade é um elogio ao melhor jogador da partida. Observador técnico é o velho e manjado espião.

Finalizando o seu maravilhoso e esclarecedor artigo, Pompeu de Toledo também deu um novo conceito de Copa Do Mundo: “é um torneio dos times europeus recombinados, já que a maioria dos jogadores em campo joga lá.”

O exemplo vem de casa. Todos os jogadores que vestiram a camisa canarinho no dificílimo jogo contra os funcionários públicos da Coréia do Norte jogam em clubes europeus.

Isso é o novo. Deu para entender?

Gabriel Novis Neves
15/06/2010

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