Escrevo em uma segunda-feira, dia do casamento dos meus pais, em 1934 —Olyntho Neves-Irene Novis —, e estou com uma série de promessas para cumprir.
Por que somos assim?
Mal a semana começa e já deixamos uma lista de afazeres para a próxima segunda-feira, sabendo, no íntimo, que não iremos cumpri-los.
Adiamos nossos compromissos para a segunda seguinte — especialmente os relacionados ao tratamento dentário.
Não sei de quem herdamos esse hábito: dos colonizadores portugueses ou dos escravizados africanos.
A segunda-feira ficou conhecida como o ‘dia da preguiça’ talvez por ser o dia das promessas não realizadas.
O tempo custa a passar, o humor anda escasso, e todos pensam no próximo final da semana.
Apesar de ter sido criado sob essa ideologia, desafiei a fama da segunda-feira — e me dei muito bem.
Casei-me numa segunda-feira, às 18horas de um horário de verão, em 9 de dezembro de 1963, na Igreja Outeiro da Glória, no Rio de Janeiro — e fui muito feliz.
Meu retorno à cidade natal foi numa sexta-feira, para deixar para a segunda as tarefas que não conseguiria cumprir. Eram tantas!
Embora a segunda-feira tenha ares de mentirosa e preguiçosa, comigo ela sempre funcionou como dia de tarefas cumpridas.
Hoje é segunda, e já consegui realizar uma série de pendência da semana.
Talvez esse costume venha dos povos que Cabral encontrou por aqui, e que só trabalhavam o essencial — pesca, caça e agricultura rudimentar — para sobreviver.
Basta um pulo no Parque Nacional do Xingu para entender o que digo.
Não há unanimidade quanto aos dias da semana.
Há os alegres, os de descanso, os preguiçosos e os dedicados ao trabalho.
Tudo isso na teoria — pois tudo depende da nossa cultura.
Muitos ainda ‘sofrem para quebrar a preguiça das segundas-feiras’, e as receitas são as mais variadas.
Quanto a mim, vou aguardar a próxima segunda para resolver os meus problemas — de todas as ordens.
Gabriel Novis Neves
28-07-2025
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