No dia 13 de agosto telefono sempre para a filha mais velha de Pedro Pedrossian, lembrando a data de nascimento de seu pai.
Cedo, liguei várias vezes, mas ela não atendeu.
Mais tarde, visualizou minha mensagem no WhatsApp:
—Oieeeeee!!
Vc lembrou!!!!
Obrigado!!!!!’
Respondi:
—Sempre.
Pedro vive.
E a conversa ficou por aí...
Conheci Pedrossian muito jovem, quando ele foi governador do Estado de Mato Grosso em 1966.
Eu retornava à minha cidade natal para exercer a Medicina.
Sem me conhecer pessoalmente, e informado pelo então secretário estadual de Saúde, Dr. Clóvis Pitaluga de Moura, nomeou-me diretor geral do Hospital Colônia de Alienados do Coxipó da Ponte.
Mostrou, assim, toda a sua vocação política: nomear um médico parteiro, para dirigir um hospital psiquiátrico.
Naquele tempo, ser médico de ‘louco’ era ter o diploma desvalorizado.
De comum acordo com minha mulher, jamais poderia dizer ‘não’ ao Dr. Clovis Pitaluga — que tanto me ajudou no meu primeiro ano em Cuiabá.
Os colegas da Santa Casa, lamentaram a ‘bobagem’ que fiz ao aceitar o cargo.
Não comuniquei a decisão ao meu pai.
Ele soube pelos motoristas de taxi que faziam ponto ao lado do bar.
Não acreditou, pois eu fazia partos e cirurgias.
Chamou-me para conversar.
Falei a verdade, de cabeça baixa e chorando.
—Se eu soubesse que faria tanto esforço para lhe dar a melhor educação, na melhor escola de Medicina do Brasil, e que, na volta, iria trabalhar com os loucos...
Porém, o trabalho, foi tão bem recebido pela sociedade médica e mato-grossense — com apoio integral do governador Pedrossian — que consegui até mudar o nome do nosocômio para Hospital Adauto Botelho!
Dois anos depois, em maio de 1968, fui designado para missão ainda mais complexa: implantar o ensino superior em Mato Grosso com duas universidades — uma federal, em Cuiabá e outra estadual, em Campo Grande.
Pedrossian foi o responsável pela minha entrada na vida pública do Estado.
Tive a sorte de nosso último encontro, ser no Teatro Universitário, quando recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UFMT.
Não me esqueço de Pedro Pedrossian.
E muitos estranham o carinho que ainda guardo por ele.
Gabriel Novis Neves
13-08-2025
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