No mundo digital sou obrigado a guardar uma infinidade de senhas.
E não conto aquelas que, com frequência, sou forçado a trocar — como a do e-mail do computador.
Qualquer problema técnico no provedor, lá vou eu criar uma nova combinação.
Isso gera uma confusão danada na minha cabeça e me obriga a recorrer a uma ‘cola’ com todas as que já possuo.
Só assim evito os esquecimentos recorrentes e os inevitáveis aborrecimentos.
Evito, também, de ser esquecido.
No mês do meu aniversário, por exemplo, precisei trocar três vezes, a senha do e-mail. Três!
Até para acessar o IPTU e o celular, tenho senha.
É um sofrimento, especialmente para os idosos, essa obrigação de memorizar tantos códigos.
Senha do Wi-Fi, do Skype, do Gov.br, Senha de bloqueio do celular, da App Store, do Icloud, da Amazon, da Folha, do Instagram, do Facebook, do Tik Tok, de jornais, bancos, senhas dos meus PIXS, do Google, Unimed... e mais um tanto que certamente esqueci.
A tecnologia chegou de mansinho, mas tomou conta da nossa vida.
Hoje, o analfabeto digital é tão grave quanto o escolar!
O tal do ‘endereço eletrônico’ passou a ser tão importante — ou mais — que o velho e tradicional controlado pela prefeitura.
Em qualquer ligação para uma loja, a primeira exigência é estar cadastrado eletronicamente.
Caso contrário, o atendimento é negado. E nem sonhe em receber o serviço em casa.
E ainda tem gente com coragem de fazer compras pela internet!
Não digo que dessa água não beberei, mas me parece uma proeza improvável.
O mundo digital favoreceu, e muito, o crime organizado. Raro é o dia em que não recebemos alertas sobre novos golpes eletrônicos.
Além de termos um dos maiores índices de criminalidade do mundo, agora temos a tecnologia para nos atormentar ainda mais.
Chegou a hora das autoridades pararem de discutir o sexo dos anjos e se ocuparem da corrupção que tomou conta deste país.
Seria útil — por que não? —criar uma senha contra a roubalheira em todos os poderes, em todos os níveis.
Gabriel Novis Neves
01-08-2025
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