Eu vim da área da medicina e tenho enorme dificuldade em corrigir os meus textos.
Depois de escritos, leio-os várias vezes, e assim mesmo deixo muito a desejar.
Nada mais frustrante que uma crônica com erros de pontuação.
Tenho a felicidade de ter um amigo doutor na língua pátria, que com muito cuidado, quase que pedindo perdão, me chama a atenção para esses deslizes que estou sempre a cometer com a nossa gramática.
Agradeço a sua ajuda e fico aborrecido com a minha ‘falta de atenção’.
Para um perfeccionista, uma vírgula mal colocada é sinal de frustração.
Tento imitá-lo nos seus textos perfeitos e elegantes, mas não tenho conseguido.
É como ele diz: ‘eu venho de longe e esse aprendizado se faz gota a gota’.
‘Nossa diferença é que você é médico e eu professor de português’.
‘Com um bisturi na mão, com toda a certeza cometeria erros bem mais graves’.
Todos os grandes escritores têm revisores, com exceções dos gênios.
Sou obrigado a pensar em Machado de Assis, João do Rio, Mena Barreto, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, Ruy Castro.
Escrever é muito semelhante a ser um psicanalista.
Para exercer a sua profissão tem que ser analisado.
Para escrever é obrigado a conhecer muito bem a gramática portuguesa, um mínimo de cultura geral e criatividade.
Na escrita existe muitas especialidades.
Eu fiquei na mais simples, que é escrever sobres as coisas do cotidiano.
Considero-me um ‘fotógrafo’ do nosso dia-a-dia.
Iniciei percorrendo as calçadas das ruas da minha cidade prestando atenção em tudo que via e trazendo para o caderno de rascunhos.
Depois de ‘corrigidos’ sempre com auxílio da revisora Christina e ‘do saudoso autodidata Vila’, transcrevia no meu computador.
Há muitos anos ‘parei de caminhar’, por ter artroses nos joelhos e disautonomia.
Hoje invento histórias teclando direto na tela do meu notebook.
Fico com as dificuldades da correção, como agora.
Gabriel Novis Neves
04-06-2024
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