Há muitos anos, ao se aproximar o mês de julho, sinto uma imensa tristeza.
É o mês do meu aniversário.
Com o envelhecimento, mesmo que não queira, sinto que fico depressivo.
No dia do meu aniversário, meus filhos, netos, bisnetos, genro, noras, sempre preparam uma ‘festinha’ no meu apartamento para marcar a data.
Lembro-me das festinhas de aniversário quando criança, na casa da rua de Baixo, alugada do ‘seo’ Américo de Barros, de onde mudamos para a casa própria na rua do Campo, entre o Clube Feminino e a Academia de Letras em 1946.
Minha mãe preparava toda a ‘festa’ sempre realizada à tarde.
Estava sempre carregando um filho no braço e outro na barriga.
Foi mãe de nove filhos, sendo cinco meninas e quatro meninos, todos nascidos em casa com médico e ajuda do meu pai.
Logo após o almoço me aprontava e ficava sentado na janela esperando a chegada da parentada.
O primeiro que despontava vindo da avenida Presidente Vargas, era o tio Mocinho, irmão do meu pai, casado sem filhos.
Foi padrinho de batismo do meu irmão Inon.
Era generoso nos seus presentes: geralmente cadernos, canetas, lápis de cor, que recebidos eram colocados em exposição em cima da cama do aniversariante, com telegramas e brinquedos.
A mesa enfeitada com bolos, salgadinhos, doces caseiros, e o bolo maior com uma velinha fincada com a idade da criança, para os ‘parabéns’.
Vale ressaltar que a festa era iniciada, somente após a chegada do Professor Ezequiel de Siqueira e os seus cachorros.
Ele recitava vários versos nunca se esquecendo da: ‘batatinha quando nasce espalha a rama pelo o chão. Menininha quando dorme põe a mão no coração’.
Para a criançada da década de trinta estava iniciada a festa do aniversário.
Essa criançada cresceu e nas comemorações dos meus 89 anos, haverá ‘os parabéns’ com as duas velinhas com o número da minha idade, ascendidas com isqueiro e não com palito de fósforo.
Será cantado ‘os parabéns’ com bênçãos divinas e os versinhos da batatinha perdeu-se na escuridão do tempo.
Certas festas têm ares de despedida e esta é uma delas.
A vontade de chorar de alegria com pitadas de tristeza é incontrolável, na festa do meu aniversário de 89 anos!
Até o ano que vem, se Deus quiser!
Gabriel Novis Neves
10-06-2024
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