Segundo
Houaiss, futilidade significa superficialidade, insignificância. Mas, o que
seria do mundo sem esse substantivo feminino?
Leio
em uma revista na sua página nobre, uma entrevista que é uma verdadeira
homenagem a pessoas que possuem esta qualidade.
Tudo
relatado pela papisa do Botox no Brasil. O texto é tão grotesco que logo
associei à matéria paga. Ao iniciar a leitura o meu desejo foi de virar as
páginas amarelas.
Lembrei-me
do folclórico “Guaporé”, personagem da nossa infância. Ele era famoso entre a
gurizada. A história era contada por uma ilustre educadora cuiabana.
Por
isso “aguentei” ler toda a matéria, mas somente depois de ter liberado muita
adrenalina, produzida pela agressão sofrida pelas minhas suprarrenais, e pude
assim aferir o grau de insignificância da reportagem.
Entre
os predicados da entrevistada está o orgulho de não revelar a sua idade, peso,
altura, e confessa que não se deixa ver sem maquiagem, nem pelo marido.
Desde
os treze anos de idade ela só usa sapatos de salto alto. Que belo currículo,
hem?
Conta
“causos” de consultório, onde sempre se faz aparecer como heroína. Nunca errou
na sua profissão.
Ela
Justifica as críticas que recebe como correção em tratamentos mal sucedidos
realizados por outros colegas.
Recebe
“bombas” de todo o país para “dar um jeito” e, muitas vezes, é impossível
restaurar o erro cometido por outros.
Considera-se
o centro do universo e cita nomes de clientes famosos para impressionar o leigo
e dar uma pista dos seus honorários com a sua arte de enfiar Botox em corpos
humanos com bom cartão de crédito.
Nesse
show de futilidade só faltou dizer que ela corrige os erros cometidos por Deus
ao fazer o homem e a mulher.
Na
verdade esse espaço em revista de grande circulação mostra a tentativa de
universalizar a beleza, tornando o seu mercado bastante atrativo agregando
inúmeros interesses comerciais.
Infelizmente,
explorar a vaidade de incautos foi sempre um negócio muito rendoso.
Mais
uma vez cabe aos pais e ao sistema educacional darem à sociedade o substrato
para a formação de pessoas seguras e com discernimento, afim de que não se
deixem influenciar pela crueldade das diversas mídias, logicamente alimentadas
por interesses financeiros.
Verdadeiros
monstros deformados por essa ânsia desenfreada da juventude perdida vão povoar
as várias gerações que nos sucederão. Aliás, já estamos começando a ver isso no
nosso diário.
A
busca do ego condescendente é a única saída para o inevitável desgaste das
nossas carcaças.
O
mais importante mesmo é cuidar da parte emocional e não somente da estética,
compromisso maior de qualquer profissional de saúde.
Quem
sabe um dia novos rostos serão criados em impressoras 3D, quando a autoestima
de alguém estiver ligada apenas a razões tão fúteis.
Gabriel
Novis Neves
14-12-2014
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