Estado rico

Pertencemos ao grupo dos Estados mais ricos do Brasil.

Sem indústria, e com malha viária precária para escoamento dos nossos produtos primários - soja, milho, algodão, carnes, madeira - que basicamente constituem o nosso carro chefe de fazer dinheiro, temos até representantes na sofisticada Revista Forbes.

São os “barões” do agronegócio.

Toda essa riqueza se manifesta, principalmente, em época de eleição. Este ano o voto mais caro para eleger o governador do Estado no primeiro turno foi o de Mato Grosso.

Segundo dados oficiais, o eleito gastou vinte e nove milhões e quinhentos mil reais para conquistar oitocentos e trinta e três mil setecentos e oitenta e oito votos.

Isso dá, por voto, uma média de trinta e cinco reais e quarenta centavos.

O governador eleito de São Paulo gastou três reais e trinta centavos por voto.

Esses dados confirmam a pujança do nosso Estado, já demonstrada nas despesas com a Copa do Mundo ao sediar uma de suas subsedes, e agora tendo o custo-voto mais caro do Brasil.

Longe de orgulho! Voltamos a nos preocupar com as amarras desse encarecimento do dever cívico na escolha de nossos governantes.

O eleitor demonstrou que vota livre só por “troco de muita grana”. Os grupos financiadores dessa extravagância esperam confiantes pelo momento da compensação.

Essa despesa nos dá a certeza que continuamos sendo patrulhados por grandes grupos econômicos.

Uma reforma política e mudanças no modelo de financiamento de campanhas eleitorais torna-se urgente para uma futura libertação dessa histórica herança do preço de um voto.

Algumas vezes acontece do mérito do candidato ser beneficiado, como na nossa última eleição majoritária para governador, mas não é a regra.

Estudos demonstram que esses valores têm sido aumentados por uma “inflação inimaginável, que é a inflação da conquista do poder”.

O custo Brasil nasce exatamente desse "fenômeno".

O momento é propício às mudanças. Acredito e espero que as devidas alterações tenham o seu início com a conduta correta do candidato eleito pelo nosso povo.

Gabriel Novis Neves

22-11-2014