sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

EXPECTATIVA


Um amigo que muito admiro pela sua ética, pelo extenso conhecimento na sua área de trabalho, pela sua cultura geral incrível, após um longo e prazeroso bate-papo em plena manhã de um domingo calorento, me pergunta:
- Quem seria melhor indicado para ser Secretário de Saúde do Estado?
Estupefato diante da pergunta inesperada disse ser muito difícil a resposta.
Sem mudanças na injusta política tributaria, onde municípios e estados encaminham ao Governo Federal quase todo o esforço do seu trabalho, fica difícil administrar.
O saudoso professor Adib Jatene, há mais de 15 anos fez um diagnóstico com precisão cirúrgica sobre a saúde do Brasil: “falta de financiamento público”.
Conseguiu por prestigio pessoal criar o imposto sobre os cheques (CPMF) de contribuição provisória, e queria resolver o problema do atendimento básico no Brasil no período de dez anos.
Como setenta por cento das nossas necessidades primárias de saúde não são resolvidas por ausência de uma rede de sustentação, que seriam os PSFs (Programas de Saúde da Família), vivemos em plena miséria social com relação ao atendimento médico.
O Governo Federal, após aprovada a CPMF sequestrou grande parte desses recursos para outros setores de maior retorno eleitoral, frustrando por completo o sonho de um dos maiores médicos brasileiros.
O mestre em cardiologia, diante de tal situação pediu demissão do cargo e retornou ao seu consultório em São Paulo.
Nosso Estado não têm recursos orçamentários para investimentos visando melhorar a nossa combalida saúde pública.
Os municípios não conseguem andar com as próprias pernas nessa difícil área.
Depender do Governo Federal é uma temeridade para resolver situações como esta.
O amigo volta a insistir:
- Aqui então não tem ninguém habilitado para mudar esse quadro?
- Pessoas têm, não temos ferramentas – respondi desalentado.
- Então, ficará tudo como dantes?
- Com essa estrutura federal, ficará sim. A mudança tem que vir de cima para baixo.
Desencantado com o desenrolar da conversa meu interlocutor diz então que na minha tese qualquer um serviria para ocupar o cargo.
- Claro que não! – exclamei indignado - Um incompetente ou sem ética, agravaria o problema existente.
- Então, quem seria para, pelo menos, manter as aparências?
- Uma pessoa ética, competente e de extrema confiança do Governador, com certeza não se submeteria a esse tipo de causa perdida – respondi um tanto quanto desesperançado.
Talvez resolva um profissional que se sujeitasse apenas a manter as aparências e que, ao menos, tivesse um  curso de administração pública e economia pela Fundação Getúlio Vargas para ocupar o cargo.
Opinião sincera é coisa difícil...

Gabriel Novis Neves
02-12-2014

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