domingo, 1 de novembro de 2009

TRUQUE

Acredito em Mula-sem-cabeça, Pé de Garrafa, Saci-Pererê, Pai do Mato, Alma do Outro Mundo, Branca de Neve, Lobisomem e tantos outros personagens considerados fantasias. Não acredito em promessas de políticos, ideologias, transparências, e outros clichês da moda. Há poucos dias conversando com um cuiabano amigo, com farta experiência em administração municipal, estadual e federal, ele me relatou um fato muito utilizado pelos nossos gestores: o truque.

Truque é um meio hábil de se fazer algo sem mostrar como. Interessei-me pelo assunto e ele pacientemente me deu um exemplo de truque administrativo. O governo estadual por lei é obrigado a investir 25% do seu orçamento em educação. Ele faz o seguinte truque matemático: infla e maquia esses 25% da educação para cumprir a lei. Na hora de destinar 12% do orçamento para a saúde, o cálculo é feito a partir dos 75% que restaram com o truque matemático. O pior é que nas despesas da saúde são colocados: alimentação de presos, pagamento de aposentadoria dos servidores da saúde, planos de saúde, etc. Além de não cumprir a constituição dos 12% para saúde, despesas que não são investimentos na saúde são ali colocadas.

Por isso faltam recursos para saúde e não há o mínimo interesse dos governos para a aprovação da Emenda Constitucional 29, que há anos está mofando no Congresso Nacional. Esta Emenda disciplina o que são os recursos para a saúde pública. Conseguimos “resgatar a cidadania” do povo brasileiro trazendo os Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro com muito choro e “refrigerante”. Essa emendinha 29 não conseguimos fazer com que ande do outro lado do Planalto.

Qual a diferença que existe entre Brasília e Copenhague? De truque em truque, vamos assistindo à morte desta nação em que “se plantando tudo dá”. Até os truques.

Gabriel Novis Neves

Cuiabá, 03/10/09.

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