segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Anúncio

Perto da minha casa diariamente vejo um enorme outdoor com uma linda morenaça anunciando um bronzeador para o verão. O que vou fazer com um bronzeador? Passar na minha velha carcaça coberta de pele e ficar exposto ao sol cuiabano na tentativa de mudar a minha pigmentação para a cor da morena? Prefiro ficar “brancão” e contrariar a proposta da mulher perfeita da propaganda - provavelmente com o auxílio do photoshop. Acho melhor a modelo do que o produto anunciado.

A tecnologia vende estas mentirinhas, como a da beleza perfeita, tão necessárias a nossa auto-estima. Ultimamente não vejo mais fotos com pessoas feias.

Uma revista famosa editou uma matéria com celebridades, em que mostrava como a pessoa era, e como ficou após o trabalho de digitalização da imagem. Com a digitalização todas as imperfeições adquiridas com o tempo são corrigidas. Acaba-se com as rugas, papadas, bolsas do globo ocular, estrias, celulites, aquela barriguinha, e os seios e bumbuns aparecem suspensos e fixos. Os lábios carnudos são feitos de silicone. Chegamos assim à perfeição da imagem da moça que foi escolhida para vender o produto que bronzeia a pele.

Ainda que artificial, prefiro a modelo da propaganda ao bronzeador.

No mundo das frustrações e desencantos, é preferível este mundo irreal que o bronzeador produz para esconder as nossas feiúras. Os brancos só procuram ser morenos por pura vaidade. Ninguém suporta este sol, às vezes causador de queimaduras e doenças malignas. O seu único efeito terapêutico é produzir benefícios embelezadores!

Não vou ao sol, nem comprar o bronzeador, mas ficaria satisfeito em conhecer a vendedora com o seu uniforme de trabalho – o biquíni.

Gabriel Novis Neves
03 de Novembro de 2009

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