terça-feira, 3 de novembro de 2009

Dois de Novembro

Jesus expulsou os fariseus do Templo. Bem que Ele poderia percorrer os nossos cemitérios no Dia dos Mortos. Tenho certeza que aquela cena voltaria a se repetir.

O campo sagrado, onde descansam os nossos entes queridos, virou centro de malandragem com ladrões, assaltantes, aproveitadores e negociantes para todos os gostos.

A entrada do cemitério já me causa revolta. Parece mais um centro de negócios de baixo padrão. Vende-se de água até milagres. Aquele espetáculo comercial de péssima qualidade, dizem os de vanguarda que é tradição. Ultimamente até chá com bolo é servido na entrada da Casa da Saudade. Tradição uma ova, como dizia a minha mãe.

O espírito de luto e perda estampado no rosto dos visitantes de antigamente desapareceu. Dois de novembro é um dia de recolhimento e de encontro com o passado. Hoje as visitas que vão ao cemitério, além de pisotearem sobre os que partiram deste mundo, praticam a bisbilhotice dos túmulos tomando suco e comendo bolo de arroz.

Triste dia, duas vezes para mim, o Dia dos Mortos. Primeiro pela ausência do convívio com aqueles que partiram e segundo pela falta de respeito como são tratados. Hoje não irei ao cemitério. Não tenho receio em ser julgado pela minha ausência. Irei discretamente como sempre fiz, fora da data marcada no calendário, visitar as pessoas queridas que lá moram. Quero ficar rezando em silêncio sem ser importunado com o oferecimento de negócios ou doações as mais incompreensíveis possíveis.

Ficarei em casa vendo o mundo tão pequeno na grandiosidade da nossa vida eterna.

Gabriel Novis Neves

02-11-2009

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