quinta-feira, 5 de novembro de 2009

MARIPOSAS

Mariposas são insetos de hábitos de vôo noturno. As moças em bando, quando saem à noite, se são pobres são chamadas de mariposas. Se ricas, são estudantes que vão se divertir. Esta é a nossa eterna desigualdade. O termo mariposa, quando empregado às moças em grupo, tem um significado de maldade social. Mariposas são as mulheres que saem à noite à procura de amor comercializado.

Era manhã ainda escura, quando dois automóveis populares e bem rodados, param em um posto de gasolina. Estavam cheios de mariposas. Procuravam um pequeno “quartinho” nos fundos de um estreito corredor, para eliminar os produtos desnecessários ao seu organismo. O corredor era tão estreito que seria impossível, em uma emergência, para adiantar o serviço, alguém ficar na porta do quartinho esperando a saída da usuária. Noto o espetáculo das mariposas, diga-se de passagem, muito bonitas e jovens. No desespero uma delas grita: “- Vem cá, merda!” Logo apareceu a aliviada para a alegria da desesperada. As outras dançavam e exalavam estrogênio tão abundante nessa idade! Diminuo o que posso os meus passos para não perder o espetáculo. Descubro que à noite, mariposa não usa calça comprida (jeans) e nem tampouco a outra. Uma pequena saia é o suficiente para dar-lhe proteção a uma infração penal de atentado ao pudor, e ao mesmo tempo, facilitar sobremaneira a sua vida comercial e biológica. No caso que relato foi fácil o esvaziamento do tanque de detritos dos rins – creio. A curtíssima saia, serve também, para esquentar, e como, a dança da moda, o “funk”, assim como eventuais emergências sexuais. Na dança do trenzinho quando acidente acontece só o DNA para esclarecer. Faço o meio contorno do posto de gasolina para entender melhor os efeitos do comportamento das pessoas quando em grupo. Há uma interação tão grande de serotonina, com expressões de uma pureza lingüística que, se pronunciada à luz solar, seria no mínimo falta de educação. À noite, ou no escuro, aquele rosário de frases que todos nós pronunciamos, ou pensamos, tem um sentido de poesia: “-Vem cá, merda!”; “- Sua fdp, deixa um pouquinho na latinha!”; “- Vá tomar no... !”; “Ainda quer uma saideira, sua fresca!”; “- Por que não pediu lá?”

Com os pneus dos carros cheios de ar e a cabeça cheia de álcool, partem deixando no seu rastro toda a maravilha da vida como ela é. Lindas meninas! Adormecerão durante o dia, e à noite continuarão a ser mariposas nos seus vôos de prazeres e ilusões.

Gabriel Novis Neves
10-08-2009

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