terça-feira, 17 de novembro de 2009

ACABOU !

Com a intervenção direta do Tribunal de Justiça do Estado, terminou o movimento dos médicos de Cuiabá por melhores condições de trabalho, dignidade e humanismo nas relações - paciente – médico - burocratas. Foram mais de sessenta dias de sofrimento para os médicos, e principalmente, para aqueles que não falam e que ninguém fala por eles.

Foi apenas uma etapa vencida. O mais difícil está por vir. Criou-se uma expectativa enorme na população, que com três milhões de reais teríamos a maior reforma da história do Pronto Socorro de Cuiabá, e que com outros três milhões adquiriríamos equipamentos tecnológicos de última geração.

Pura propaganda enganosa, e o mais importante nem foi lembrado: a qualificação e valorização dos trabalhadores da saúde. Alertei aos meus jovens colegas que o governo fará tudo para passar à população, que o que os médicos desejavam era só um aumento de oitocentos reais mensais no seu holerite. Isso já está sendo martelado a peso de ouro nos informes publicitários, oficiais e nas entrevistas dos burocratas. E a verdade não é essa. Nunca em cinqüenta anos de Medicina presenciei um movimento de médicos como o de agora. Garanto que não houve motivação política e sim despreparo dos burocratas para enfrentar este sério problema social.

O resultado foi a catástrofe que vivemos. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde criada pela Assembléia Legislativa é um instrumento, que bem trabalhado, contribuirá em muito para a melhoria da Saúde Pública, não só de Cuiabá como de todo o Estado. Ficará para a história da Medicina o relatório final dessa Comissão. Acredito no compromisso dos membros da CPI com a população deste Estado. Ela tem tudo para mostrar o “Santo” como ele é.

Um jovem hoje só procura ser médico para tornar-se agente de mudança social. Medicina não é mais um curso de status ou de remuneração diferenciada. O médico moderno participa da realidade em que vive, e está em todos os grotões com a população nos seus momentos mais difíceis. Um trabalho coordenado e organizado dessas “formiguinhas” pode alterar este cenário de desumanização.

Acabou o movimento. Mas o trabalho do médico continua, em busca de novas conquistas sociais.

Gabriel Novis Neves
16/11/2009

* Publicado simultaneamente no www.gnn-cultura.blogspot.com

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