“A gente ama não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito”, ensinou Rubem Alves.
O pensamento de Caio Fernando Abreu tornou-se meu mantra:
“Um amigo me chamou para cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso e fui…”.
O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute com calma e tranquilidade.
Em silêncio.
Sem dar conselhos.
Sem dizer: “Se eu fosse você…”.
A gente ama não a pessoa que fala bonito.
Ama a pessoa que escuta bonito.
A fala só é bonita quando nasce de uma longa e silenciosa escuta.
É na escuta que o amor começa.
E é na não escuta que ele termina.
Aprendi que, em vez de curso de oratória, precisamos fazer um curso de escutatória.
Não aprendi isso nos livros.
Aprendi prestando atenção.
Todos reunidos alegremente num restaurante — pai, mãe, filhos — um falatório animado.
Na cabeceira da mesa, a avó.
Cabeça branca.
Silenciosa.
Como se não existisse.
Não era por não ter o que dizer.
Era por não ter quem quisesse ouvir.
O silêncio dos velhos.
No tempo de Freud, as pessoas procuravam terapeutas para se curar da dor das repressões sexuais.
Hoje, procuram terapeutas por causa da dor de não haver quem as escute.
Não pedem para ser curadas de alguma doença.
Pedem para ser escutadas.
Querem a cura para a dor da solidão.
Chocou-me aquela avó, com tanta sabedoria, sem que ninguém a ouvisse.
Que eu não continue surdo às vozes da experiência.
Vou tentar aprender a ouvir sem interferir.
Transcrevi quase por completo a crônica da antropóloga Mirian Goldenberg sobre a velhice.
Acredito que muitos se verão neste texto.
No mês do idoso, mais compreensão a eles — este é o meu objetivo.
Gabriel Novis Neves
08 de outubro de 2024
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