domingo, 30 de novembro de 2025

CONFRATERNIZAÇÕES


Confraternizações, congratulações, presentes e abraços.

 

Banquetes, ceias, missa do Galo, rojões —agora silenciosos — saudando o Ano Novo.

 

Dezembro é o mês em que as lembranças ganham volume e são tratadas como joias raras.

 

Mas, confesso, desiludi-me com essa falação de ‘melhor de tudo’.

 

A Universidade completa 55 anos de criação neste mês, e realmente tem o que celebrar.

 

Cada curso faz questão absoluta de festejar sua data de fundação.

 

E aí que mora o perigo: dezembro costuma despertar interpretações apressadas.

 

Há anos decidi não mais comparecer a certas solenidades que, nem sempre, dialogam com a justiça e a verdadeira história.

 

Quantos heróis autênticos são esquecidos quando a ideologia ultrapassa os muros da racionalidade, produzindo pequenas injustiças silenciosas.

 

Sou muito procurado para entrevistas e depoimentos — afinal, sou o primeiro reitor ainda vivo daquele tempo em que tudo acontecia.

 

E percebo sempre um esforço em destacar personagens que, na época, estavam muito distantes da realidade que vivíamos.

 

Mencionam nomes quase apagados, e às vezes, atribuem-lhes papéis maiores do que tiveram, sobretudo quando falamos de figuras que realmente influenciaram aqueles momentos decisivos.

 

Talvez seja algo próprio deste mês.

 

Já considero cansativas essas entrevistas e homenagens que surgem apressadas no final do ano.

 

A maior homenagem que se presta a um homem público é cuidar do seu legado.

 

Ele sabe que o trabalho iniciado não terá fim.

 

Eu apenas estive presente no começo — na semente plantada com tanta esperança pela nossa cuiabania.

 

Outros têm o dever de acompanhar a evolução dos conhecimentos e devolvê-los à sociedade.

 

A ciência avança depressa.

 

O que era novidade quando me formei em Medicina, em 1960, virou história — e história precisa ser repassada com cuidado, sem invenções e sem vaidades.

 

Essas preocupações sempre retornam em dezembro, talvez porque o mês nos obriga a revisitar balanços pessoais e coletivos.

 

Enquanto isso, as comemorações seguem firmes, ocupando todos os segmentos da sociedade.

 

E o nascimento de Cristo e a chegada do Ano Novo... quantas vezes deixamos de lembrá-los, distraídos por um bom vinho.

 

Gabriel Novis Neves

24-11-2025




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