Estamos nos aproximando das festas natalinas e todos temos uma data para comemorar.
Assim tem acontecido nos últimos anos.
É a nossa Universidade Federal que completa mais um ano de vida — agora cinquenta e cinco anos.
Cursos festejam seus jubileus de ouro, como o de Geologia.
Escritores correm atrás de novas biografias.
Não sei por que razão sou tão procurado nessa época para entrevistas.
Quase tudo o que tinha a dizer já publiquei em minhas crônicas no blog Bar do Bugre.
Novidade, talvez, seja apenas o que ainda poderá acontecer daqui para a frente.
Não acredito em nada de muito importante após os meus noventa anos — a não ser a chegada de novos bisnetos.
No mais, é apreciar os dias escorrerem com tranquilidade.
Supersticioso, acredito que as homenagens que recebo não são de fim de ano, e sim de vida.
Minha biografia está escrita em crônicas, publicadas no meu blog.
Prefiro escrever a falar — na fala, pouco me policio.
O interesse histórico, para alguns, encontra-se em mais de 3.900 crônicas — motivo de orgulho e de esforço.
Temo que, daqui para frente, caia na repetição dos fatos, espantando meus leitores.
Ultimamente tenho escrito sobre imagens do cotidiano que ficaram aprisionadas na memória — e sinto o aplauso dos leitores.
A infância no interior é sempre participativa e chama a atenção dos turistas observadores.
Na minha infância eu ia à velórios, casamentos, nascimentos em casa, e 'sapeava' bailes no Clube Feminino.
Também fazia companhia ao meu pai, no bar.
Foi lá que conheci os intelectuais da Academia de Letras e Instituto Histórico de Mato Grosso.
Entre eles, o padre que era secretário particular de Dom Aquino Correa, sempre presente no grupo.
Reuniam-se pela manhã, antes do almoço, conversando em voz alta sobre a Academia, enquanto tomavam uma cervejinha com os salgadinhos preparados por minha mãe.
Eu, descalço e de calça curta, os servia; e meu pai na máquina registradora, os identificava.
Nossa casa, na rua do Campo, ficava entre a Academia e o Clube Feminino.
Em 1945, participei de comícios políticos e conheci o Brigadeiro Eduardo Gomes, que discursava da janela da casa do seo Batinga.
Nessa eleição, o vencedor foi o cuiabano Eurico Gaspar Dutra, nascido no bairro Terceiro — bairro que desapareceu com a enchente do Rio Cuiabá, em março de 1974.
Será que essas lembranças são importantes?
Gabriel Novis Neves
04-11-2025
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