sexta-feira, 7 de novembro de 2025

BIOGRAFIA EM CRÔNICAS

 

Estamos nos aproximando das festas natalinas e todos temos uma data para comemorar.

 

Assim tem acontecido nos últimos anos.

 

É a nossa Universidade Federal que completa mais um ano de vida — agora cinquenta e cinco anos.

 

Cursos festejam seus jubileus de ouro, como o de Geologia.

 

Escritores correm atrás de novas biografias.

 

Não sei por que razão sou tão procurado nessa época para entrevistas.

 

Quase tudo o que tinha a dizer já publiquei em minhas crônicas no blog Bar do Bugre.

 

Novidade, talvez, seja apenas o que ainda poderá acontecer daqui para a frente.

 

Não acredito em nada de muito importante após os meus noventa anos — a não ser a chegada de novos bisnetos.

 

No mais, é apreciar os dias escorrerem com tranquilidade.

 

Supersticioso, acredito que as homenagens que recebo não são de fim de ano, e sim de vida.

 

Minha biografia está escrita em crônicas, publicadas no meu blog.

 

Prefiro escrever a falar — na fala, pouco me policio.

 

O interesse histórico, para alguns, encontra-se em mais de 3.900 crônicas — motivo de orgulho e de esforço.

 

Temo que, daqui para frente, caia na repetição dos fatos, espantando meus leitores.

 

Ultimamente tenho escrito sobre imagens do cotidiano que ficaram aprisionadas na memória — e sinto o aplauso dos leitores.

 

A infância no interior é sempre participativa e chama a atenção dos turistas observadores.

 

Na minha infância eu ia à velórios, casamentos, nascimentos em casa, e 'sapeava' bailes no Clube Feminino.

 

Também fazia companhia ao meu pai, no bar.

 

Foi lá que conheci os intelectuais da Academia de Letras e Instituto Histórico de Mato Grosso.

 

Entre eles, o padre que era secretário particular de Dom Aquino Correa, sempre presente no grupo.

 

Reuniam-se pela manhã, antes do almoço, conversando em voz alta sobre a Academia, enquanto tomavam uma cervejinha com os salgadinhos preparados por minha mãe.

 

Eu, descalço e de calça curta, os servia; e meu pai na máquina registradora, os identificava.

 

Nossa casa, na rua do Campo, ficava entre a Academia e o Clube Feminino.

 

Em 1945, participei de comícios políticos e conheci o Brigadeiro Eduardo Gomes, que discursava da janela da casa do seo Batinga.

 

Nessa eleição, o vencedor foi o cuiabano Eurico Gaspar Dutra, nascido no bairro Terceiro — bairro que desapareceu com a enchente do Rio Cuiabá, em março de 1974.

 

Será que essas lembranças são importantes?

 

Gabriel Novis Neves

04-11-2025



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