“A
Doença dos Poetas”. Assim a tuberculose era chamada durante os séculos XIX e
XX, pois mais de quarenta artistas foram vitimados pela doença em todo o mundo.
Pessoas
geralmente de vida boêmia, deprimidas, mal alimentadas e grandes consumidoras
de álcool e fumo eram as mais atingidas. Isso sem falar das más condições de
higiene.
Dessa
forma, a tuberculose foi integrada ao romantismo por ter ceifado prematuramente
vidas de escritores, pintores, músicos, literatos, prostitutas e poetas das
altas rodas sociais.
Na
Europa dela foram vítimas: Byron, Emile Bronte, Musset, Murger, Alexandre Dumas
Filho, etc. Este último, apaixonado por prostitutas, escreveu o célebre livro “A Dama das
Camélias”, que conta a história da prostituta Alphonsine Duplessis que morreu
tuberculosa aos 23 anos de idade.
Grande
parte da literatura da época foi moldada em função da tísica, como era chamada
a doença naqueles tempos.
Em
“Alegoria à Primavera”, de Boticelli, a doença está exposta através de sua
modelo Simone Vespucci, falecida também aos 23 anos.
No
Brasil não foi diferente. As figuras famosas de Noel Rosa, Casemiro de Abreu,
Castro Alves (o poeta dos escravos brasileiros), Manoel Bandeira, Augusto dos
Anjos e tantos outros igualmente importantes, foram mortos pela “Doença dos
Poetas”.
Tudo
isso perdurou até mais ou menos 1950 quando do aparecimento de tecnologia
medicamentosa capaz de liquidar definitivamente o bacilo de Koch, causador da
doença.
Atualmente,
fala-se muito em ebola, a praga que já matou mais de cinco mil pessoas nos
países africanos.
Esquecemos
que aqui na terrinha o descuido com as políticas públicas de saúde é tão grande
que doenças tidas erradicadas, como a malária e a tuberculose, estão voltando
com toda a força.
A
tuberculose, por exemplo, segundo dados recentes da Organização Mundial de
Saúde (OMS), atingiu no Brasil, só em 2013, setenta e um mil cento e vinte e
três casos novos (71.123).
No
mundo são cerca de nove milhões de casos, sendo que desses, um milhão e meio
vieram a óbito.
Nada
disso foi falado nas campanhas políticas recentes e somos mantidos cegos com
relação à nossa própria realidade. As diferentes mídias focam outras realidades mundiais, enquanto a nossa,
gravíssima, passa batido.
É
preciso que nos conscientizemos de toda essa problemática para que cobremos das
autoridades competentes medidas urgentes, já que os nossos governantes insistem
em considerar o nosso sistema de saúde como satisfatório.
Satisfatório?
Para quem?
Gabriel
Novis Neves
01-11-2014
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