Há
muitos anos fui obrigado, por motivos profissionais, a deixar de atender minhas
clientes do único plano de saúde com o qual trabalhava - uma cooperativa de
médicos (UNIMED).
Frequentemente,
sou abordado por gestantes e familiares querendo saber a minha opinião sobre a
cobrança da “Taxa de disponibilidade no acompanhamento ao parto”.
Só
opino sobre o que sei e faço. Devido à insistência cada vez maior de gestantes,
e até da imprensa, resolvi pesquisar o assunto.
Os
planos de saúde, com raríssimas exceções, remuneram muito mal aos seus
cooperados e credenciados.
Estes,
inconformados, conseguiram do Conselho Federal de Medicina uma autorização para
cobrarem, com preço a combinar, o valor dos honorários da “sua disponibilidade
no acompanhamento do trabalho de parto”.
Por
esse procedimento o Conselho Federal de Medicina garante legitimidade aos
médicos, no caso os obstetras.
Porém,
tal medida tem gerado polêmicas e controvérsias.
A
Associação Brasileira de Procons considera ilegal a cobrança.
Tribunais
de Justiça de alguns Estados acionados, também consideram irregular tal
procedimento e suspenderam em suas jurisdições a cobrança da “Taxa de parto”.
A
polêmica existe e envolve ética e moral.
Logo
o nosso Ministério Público será acionado para opinar.
A
evolução tecnológica da medicina tornou muitos procedimentos caríssimos, e o
problema para manter uma medicina de qualidade e humanizada para todos é
universal.
Nem
o Obama conseguiu resolver a difícil situação da saúde pública no seu país.
A
solução é complexa e depende da vontade política dos nossos governantes nos
repasses de maciços investimentos financeiros que essa área requer.
No
momento não enxergamos luz no final desse túnel. Só falação.
Embora
a maioria das gestantes brasileiras expresse seu desejo pelo parto normal, com
a cobrança da taxa e pela falta de maternidades e médicos, esse sonho fica na
imensa fila das nossas prioridades sociais.
Gabriel
Novis Neves
07-11-2014
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