sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Taxa de parto


Há muitos anos fui obrigado, por motivos profissionais, a deixar de atender minhas clientes do único plano de saúde com o qual trabalhava - uma cooperativa de médicos (UNIMED).
Frequentemente, sou abordado por gestantes e familiares querendo saber a minha opinião sobre a cobrança da “Taxa de disponibilidade no acompanhamento ao parto”.
Só opino sobre o que sei e faço. Devido à insistência cada vez maior de gestantes, e até da imprensa, resolvi pesquisar o assunto.
Os planos de saúde, com raríssimas exceções, remuneram muito mal aos seus cooperados e credenciados.
Estes, inconformados, conseguiram do Conselho Federal de Medicina uma autorização para cobrarem, com preço a combinar, o valor dos honorários da “sua disponibilidade no acompanhamento do trabalho de parto”.
Por esse procedimento o Conselho Federal de Medicina garante legitimidade aos médicos, no caso os obstetras.
Porém, tal medida tem gerado polêmicas e controvérsias.
A Associação Brasileira de Procons considera ilegal a cobrança.
Tribunais de Justiça de alguns Estados acionados, também consideram irregular tal procedimento e suspenderam em suas jurisdições a cobrança da “Taxa de parto”.
A polêmica existe e envolve ética e moral.
Logo o nosso Ministério Público será acionado para opinar.
A evolução tecnológica da medicina tornou muitos procedimentos caríssimos, e o problema para manter uma medicina de qualidade e humanizada para todos é universal.
Nem o Obama conseguiu resolver a difícil situação da saúde pública no seu país.
A solução é complexa e depende da vontade política dos nossos governantes nos repasses de maciços investimentos financeiros que essa área requer.
No momento não enxergamos luz no final desse túnel. Só falação.
Embora a maioria das gestantes brasileiras expresse seu desejo pelo parto normal, com a cobrança da taxa e pela falta de maternidades e médicos, esse sonho fica na imensa fila das nossas prioridades sociais.

Gabriel Novis Neves
07-11-2014

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