terça-feira, 4 de novembro de 2014

A VERDADEIRA FOTOGRAFIA


Impressionou-me muito, não só a obra grandiosa, mas a história de vida desse fotógrafo brasileiro chamado Sebastião Salgado.
Da sua jornada de vida, quarenta e três anos foram dedicados à fotografia, gerando um dos maiores acervos de que se tem notícia sobre os mais diferentes acontecimentos que marcaram a humanidade de 1970 até os dias de hoje.
Suas fotos, diferentes das glamorosas às que estamos habituados, sempre enaltecendo a vaidade, vão muito além da imagem conseguida.
É o relato verdadeiro, e algumas vezes cruel, do que acontece no planeta Terra nas suas diferentes dimensões.
A força de suas imagens é tamanha, que seus estudos deveriam fazer parte dos currículos escolares, em detrimento de tantas outras matérias totalmente desnecessárias à vida futura.
Suas estadas dedicadas à fotografia em diversos lugares e eventos se estenderam algumas vezes a anos de vida. De certa feita, passou cerca de sete meses fotografando as montanhas do Himalaia.
Na maioria das vezes, acompanhado pela mulher, viveu experiências inéditas, seja cobrindo a brutalidade da guerra da Bósnia, seja em expedições à Antártida, seja na floresta Amazônica em busca das tribos indígenas ainda desconhecidas pelos brancos, seja  em fotos impressionantes de animais  no Pantanal ou nas ilhas Galápagos.
Suas explicações, vinculando a fotografia a uma total imersão no planeta, são fascinantes.
Segundo ele, os animais têm uma inteligência muito semelhante à nossa, razão pela qual só conseguimos fotografá-los cara a cara, se entendermos isso. Suas imagens, por exemplo, de jacarés, são impressionantes, tal a proximidade conseguida com os mesmos.
Relata que só conseguiu isso se tornando ele próprio um jacaré, na postura e na movimentação. O mesmo com a organização familiar dos chipanzés, muito semelhante à nossa.
Como um estudioso do marxismo (além de antropologia, biologia e economia) sua maior preocupação foi sempre com a classe trabalhadora cujas fotos são o alvo de sua imensa obra.
As fotos, que falam por si próprias, principalmente após a revolução industrial, são arrepiantes.
Sua entrevista ao jornalista Roberto D´Ávila foi uma das melhores matérias produzidas pela mídia televisiva.
Quem não viu... Procure ver o que vai além da imagem, o momento inserido num contexto histórico.
Um profissional que vai ficar para a posteridade.

Gabriel Novis Neves
16-10-2014

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