segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Dores à distância


A medicina relata inúmeros casos de fetos gemelares univitelinos - aqueles que são fecundados por um óvulo e um espermatozoide gerados no útero materno em uma única bolsa e placenta.
Geralmente são do mesmo sexo e apresentam a mesma carga genética.
Quando adultos são muito parecidos fisicamente e, mesmo à distância, quando um deles é acometido de algum sintoma o outro também apresenta.
É o caso de um jovem nessas condições genéticas morando no Brasil acometido de uma apendicite aguda e seu irmão no exterior também.
Tudo aconteceu no mesmo ano, dia, mês e hora, embora um não soubesse o que se passava com o seu irmão univitelino. Ambos estavam no centro cirúrgico em terras distantes.
Assim, como no fato descrito, conhecemos milhares de outros semelhantes em que as dores são sentidas à distância.
A medicina, não sendo uma ciência exata, acredita na genética para justificar esses casos. Tudo bem.
E como explicar dores outras que acometem pessoas sem nenhum laço de parentesco, que não foram criadas juntas, moradoras de cidades diferentes e separadas por milhares de quilômetros, que se conheceram tardiamente, terem essa reciprocidade de aflições?
Nesses casos a genética não explica, pois sentimento não é doença, mas uma sensação subjetiva de alegria, dor, paixão, medo etc.
É, antes de tudo, vontade incontrolável de sentir tristeza e dor que atormenta seu parceiro à distância.
Os espiritualistas têm suas explicações. Deixarei de discuti-las por se tratar de religião e que deve ser respeitada.
Os neurocientistas, tão valorizados hoje no mercado de trabalho, com certeza, têm as suas análises que, infelizmente, desconheço.
Que é estranha essa manifestação de sentimento, isto é.
Não é solidariedade, que é mais um sentido moral de vínculo e ajuda mútua. Ou será?
Creio que seja a incorporação das aflições momentâneas de alguém que estimamos muito e que sabemos preocupados e sofrendo com situações vivenciais passageiras.
O amigo receptador passa a “incorporar” esses problemas como se seus fossem, sofrendo na mesma intensidade.
Em psiquiatria aprendi que certos psicóticos leem o pensamento alheio, o que não acontece nesta narrativa.
“O médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe”. Tozatti
Fica o esclarecimento para a ciência: “que é ficção científica onde a única fronteira para a imaginação é a realidade”. Goran Hellekant

Gabriel Novis Neves
18-10-2014

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