segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A BELEZA DO SIMPLES


Consegui amenizar a amargura que tomou conta de mim em uma dessas tardes em que a mídia me afrontou, sem dó nem piedade, com as distorções escandalosas do nosso sistema político.
No caso em questão, foram notícias sobre um acréscimo de mimos para a classe judiciária já tão privilegiada, enquanto que a maior parte do país sofre um dos maiores arrochos de sua história.
Mas, como que para compensar tanto desencanto com a nossa classe dirigente, recebi como um bálsamo a entrevista que assisti à noite com o fantástico compositor Carlos Colla.
Com suas modestas duas mil e seiscentas músicas, aliadas à sua figura de simplicidade contagiante, fez-me esquecer por alguns momentos da mediocridade que nos cerca.
Advogado por formação, ele abandonou a atuação na OAB para se tornar um músico feliz nas ruas de Paris.
Seu olhar é tranquilo, sua voz calma e melodiosa, e tem uma postura avessa ao estrelismo.
Suas músicas foram gravadas e interpretadas pelas vozes mais eminentes do Brasil, e o transformaram em um compositor de primeira linha.
Fiquei pensando no absurdo da necessidade da fama procurada freneticamente  pelos imbecis e pelos pobres de espírito.
Lembrei-me imediatamente do também glorioso Baden Powell.  Um de seus versos dizia: “o homem que diz sou não é, porque quem é mesmo não diz...”.
Homens iluminados conseguem brilhar, apesar da imbecilidade vigente.
Existem pessoas que não necessitam e nem anseiam pelo reconhecimento público. São aquelas com elevada autoestima e que têm a certeza do seu valor e capacidade, e são felizes.
Outras há, no entanto, que precisam trilhar os caminhos da exposição constante e da mediocridade, e são, no mais das vezes, infelizes.
Tudo na contramão do momento atual, em que alguns infelizes se atropelam e se matam  por um minuto de fama.

Gabriel Novis Neves
08-11-2014

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