segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Finitude


Qualquer intervenção cirúrgica - por menor que ela seja - se afigura para nós como uma perspectiva de finitude.
Quer queiramos ou não, a nossa mente fica povoada de pensamentos negativos, todos filiados à interrupção da nossa estada no conturbado, porém delicioso, planeta Terra.
Somos contraditórios na nossa essência, pois passamos  repetindo que “a vida é um vale de lágrimas” (conceitos passados por várias religiões) e que só a morte nos elevará a planos superiores de vida.
Mas tudo isso é puro blá-blá-blá, uma vez que gostaríamos mesmo é da imortalidade. Isso é tão verdade que a sociedade criou para uns poucos privilegiados que se destacam dos demais, a chamada “Academia dos Imortais”.
Pessoalmente, mesmo encarando a morte como o final de um ciclo de vida, tento conviver com ela de uma maneira tranquila, mas tomo meus cuidados para postergá-la ao máximo possível.
A quantidade de energia vital e de projetos promissores para um futuro próximo é o que mantêm acesa a chama de vida que todos carregamos.
Creio plenamente que a morte natural só ocorre com a desistência, quando desaparecem as perspectivas do aparecimento de novos pontos luminosos.
Acho que esse é o momento decisivo, quando o futuro não mais se apresenta em nenhuma outra dimensão.
Tal como os elefantes, creio que algumas poucas pessoas conseguem atravessar esse estágio de percepção e, aí sim, partem tranquilamente para o tudo ou nada.
E pensar que toda essa divagação ocorreu pelo simples procedimento de colocar um marca-passo...

Gabriel Novis Neves
23-10-2014

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