quinta-feira, 30 de junho de 2011

SANTOS FESTEIROS

Durante as festas juninas tudo fica em um segundo plano.

É a época do reinado do pé de moleque, cocada, milho verde, pamonha, paçoquinha, pipoca, canjica, bolo de arroz, de queijo, espetinho de carne bovina, maria izabel, sarapatel, farofa de banana, quentão, além dos vestuários e músicas próprios da celebração.

Toda a cidade durante esse mês de trinta dias, no meio do ano, só sabe comer, beber e dançar. Se der tempo, namorar.

No Brasil, oficialmente, são quatro os santos festeiros juninos - Antonio, João, Pedro e Paulo.

Para nós, cuiabanos, acrescentamos o São Benedito, cujos festejos iniciam-se em fins de junho e encerram-se no primeiro domingo de julho.

As festas para Antonio, João, Pedro e Paulo, geralmente são noturnas. São festas alegres, com muitas brincadeiras, especialmente aquelas de adivinhar o futuro amoroso das moças e rapazes, o casamento na roça, a lavagem do Santo, a comilança e as danças. O quentão sempre presente - o combustível da noite.

Missas com a ida do santo da casa do festeiro até a igreja, acompanhado de fiéis cantando os hinos religiosos, banda de música e foguetório.

São Benedito prefere as missas das cinco da manhã e, nesta época de temperatura amena, obriga muitos cuiabanos a chegarem à igreja com cheiro de naftalina.

Depois da missa é hora do chá com bolo, admiração de fé do mastro do santo e músicas tradicionais.

Santo Antonio é casamenteiro, São João é fogueteiro, e ambos são muito populares.

São Pedro e São Paulo são mais discretos - são da devoção de famílias, e não populares, embora haja festividades nos dias programados como seus.

A popularidade de São João é tão grande, que durante meses comemoramos com festas, o São João atrasado. Dizem ser o santo da fartura, daí essa espichada.

São Benedito é o santo queridinho de todos os cuiabanos. É a unanimidade. Sempre é chamado para testemunhar uma verdade, com esse desafio: “Se for mentira, São Benedito pode furar seus olhos?” Aí não tem jeito de mentir e, pela fé, ficar cego.

Junho, que bem antigamente era de férias escolares e festas dos santos, não está mais sendo respeitado na sua tradição.

As greves justas dos trabalhadores do Estado da Copa, cujas obras estão mais atrasadas que as da Rússia 2018, a violência incontrolável(?) pelo poder público tiraram do foco essas festas.

Os assassinatos diários, estupros, e a nossa grande especialidade no cardápio do crime - os arrombamentos dos caixas eletrônicos dos bancos, são o nosso arroz com feijão da violência atual!

Somos campeões nessa modalidade de crime de arrombamento, atraindo turistas, digo, bandidos de todo o Brasil.

Só falta incentivo fiscal e consultorias especializadas para esses bandidos. O apoio logístico está funcionando às mil maravilhas.

Esse setor está tão bem estruturado, que todo mundo sabe que o arrombamento de caixas eletrônicas é diária, e ninguém no Estado é capaz de fazer a prevenção.

Aí tem - comenta o fuxiqueiro da padaria.

A ONU acaba de divulgar que grande parte da cocaína que abastece o mundo sai do Brasil e, preferencialmente, entra no país pelo nosso desprotegido Estado.

O problema da entrada das drogas no nosso território é do Brasil, e para o meu conforto, e de todos os brasileiros, uma delegação da Agecopa está de viagem marcada a Rússia tentar negociar a compra de aviões vigilantes.

Seriam utilizados na nossa imensa fronteira, onde o país do cocaleiro amigo, vende e troca drogas por carros roubados, automaticamente legalizados.

Com essa informação, a sensação que tenho é que perdemos para os bandidos a nossa tradicional festa junina.

Dá para pensar no nosso futuro, São João?

O nosso futuro, como estamos hoje, é sem o amanhã.

Triste realidade para o mês que um dia foi dos santos festeiros, das crianças, da fé religiosa e das tradições cuiabanas, e nunca dos bandidos impunes.

Gabriel Novis Neves

24-06-2011

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