BRASIL BONZINHO

Uma poderosa fabricante chinesa de iPads decidiu que os seus aparelhos serão produzidos em Jundiaí (SP). Esta cidade já abriga uma fábrica de empresa de Taiwan. Faltam apenas alguns detalhes nas negociações com o governo brasileiro, como incentivos e financiamentos para o projeto - entre outras questões -, que ainda precisam ser esclarecidas.

Para um investimento de US$ 12 bilhões em cinco anos, em um país consumidor desse produto de 45 mil tablets, só no primeiro trimestre deste ano, não é um mau negócio.

História contada pela metade é pior que mentira. Assim que a caravana brasileira retornou da China, passamos dias ouvindo histórias de investimentos pesados dos chineses no Brasil.

Esses investimentos eram transformados em valores inalcançáveis para os nossos padrões, seguidos com os novos milhares de postos de trabalho ofertados ao trabalhador brasileiro.

Entretanto, nenhuma autoridade brasileira revelou a outra parte do compromisso, que tem mão e contra mão.

Li que o Brasil terá que fazer muitas concessões para a implantação de firmas estrangeiras por aqui. É aí que mora o perigo.

O mundo dos negócios não tem alma. Há muito tempo ela foi vendida ao capital. O consumismo tão bem consolidado nesta nação é o seu patrão.

O que me consola neste momento de turbulência internacional, segundo pesquisa do instituto "O Observador", é que estamos poupando e colocando as nossas economias no cofrinho.

O Brasil é bonzinho para os investidores estrangeiros ficarem aqui. Em contrapartida, eles retribuem esse nosso gesto de generosidade, sempre negociando o alongamento das nossas dívidas.

Resultado: gerações e gerações de brasileiros cresceram ouvindo falar nas malditas das dívidas que temos que pagar.

A cada renegociação da nossa dívida com bancos, o povo sofre mais, ficando sem os seus serviços essenciais - saúde, educação, ciência, tecnologia e segurança, entre outros.

Lamento pelos meus netos a herança de um país bonzinho.

Gabriel Novis Neves

15-05-2011