quarta-feira, 29 de junho de 2011

Governo desgovernado

Nas páginas de sangue dos jornais, diariamente leio notícias de carros, ônibus, carretas, lanchas, navios, trens, aviões que, desgovernados, causaram acidentes trágicos.

Está na minha memória o acidente do avião francês que caiu no mar sem sobreviventes.

A causa divulgada: a poderosa máquina voadora ficou desgovernada por alguns segundos, mas o suficiente para ela cair e afundar nas águas salgadas.

O resultado desse desgoverno todos sabem: nenhum sobrevivente.

Por aqui o desgoverno também está fazendo suas vítimas. Está tudo tão desgovernado, que até os sérios problemas de saúde pública que não foram resolvidos, como as filas para cirurgia que tinha prazo para terminar, aumentaram, mas ninguém mais toca nesse assunto.

A situação da saúde pública piorou.

O Estado perdeu ortopedistas, neurologistas, neurocirurgiões, psiquiatras, endocrinologistas, pediatras, entre outros.

A imprensa deixou de falar da sucateada saúde, seguindo um velho ditado popular para não perder tempo e controle emocional: "Daquele mato não sai coelho".

Os desgovernos, nos três níveis, ficam a propor leis, que são verdadeiras anedotas de mau gosto e um deboche para os nossos pacientes e trabalhadores da saúde.

Essa praga de desgoverno oficial contaminou a nossa acanhada rede privada de saúde, salvo raríssimas exceções.

Os últimos dias foram riquíssimos em acidentes causados pelo desgoverno.

Pipocaram mais greves dos trabalhadores do Estado do que fogos juninos.

Greve na educação, tratada em marcha lenta, confirmando que a educação não é prioridade nesse país, que tem uma das piores taxas de avaliação pelos organismos internacionais.

Alunos fora da sala de aula, embora o governo gaste uma fábula em propaganda, dizendo que lugar de criança é na escola.

Mas esse mesmo governo tira os professores das salas de aulas, para reinvidicarem um piso salarial de R$ 1.312,00, menos que o preço de uma diária de um bom burocrata, paga pelo tal cartão corporativo.

Os professores estão lutando por melhores condições de trabalho e, para não morrerem de fome, trabalham em três turnos e levam trabalhos escolares para corrigir em casa.

Esses mestres em extinção, detectados pelas suas ausências nos cursos oferecidos pelo MEC para formação de professores, e não preenchidos - num país sem educação - chega próximo a cem mil vagas ociosas.

Ninguém está interessado em ser professor na terra das impunidades e dos desgovernos.

Os mestres sabem que têm brasileiros, da primeira classe no governo, que ganham, até três vezes, o permitido pela Constituição Federal.

São exatamente eles, os paladinos da moral e dos bons costumes que negam o que a própria Constituição determina com relação ao investimento na educação.

A violência dominou o Estado, principalmente Cuiabá, transformado-a em cidade do crime organizado e do desorganizado.

As grandes redes de TV, ao tratarem da violência que tomou conta do Brasil, citaram os seis casos mais traumáticos ocorridos nos últimos dias.

Pasmem moradores da antiga Cidade Agarrativa e Linda! Dois deles tinham acontecido aqui. Um bom percentual para o Estado que persegue entrar no livro dos recordes - capítulo violência.

Quando trabalhadores da saúde, educação, meio-ambiente, pesquisa, assistência, extensão rural e segurança, jogam a toalha da tolerância e vão à greve, é sinal da total desgovernança do serviço público.

Caminhamos para o desastre programado. Vamos tentar uma parada técnica senhor comandante e, pelo menos, trocar a tripulação por uma menos cansada?

Não há mais espaço para os elogios falsos, interesseiros e tapinhas nas costas.

A crítica é sempre destrutiva para se encontrar um caminho diferente.

Não caia, senhor comandante, no conto dos amigos do poder, ricos em fornecer o que não existe - a crítica construtiva.

Afaste esse cálice de nós, pois o governo tem como missão transformar este Estado de, desgovernado, em, governável.


Gabriel Novis Neves

23-06-2011

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