sábado, 11 de junho de 2011

Quanto vale

Melhor não aprender o valor dos bens materiais pelas cartilhas do MEC, que tem o hábito de ensinar tudo errado, e sim, com o passar dos anos.

Conheço muita gente que abre a boca e enche os pulmões de ar, para defender que o salário mínimo pago ao trabalhador é justo, assim como o salário de um professor ou médico - pouco superior ao mínimo.

Evidentemente, os defensores do salário do pobre, não têm a mínima noção do que isso representa.

Uma passada básica no dentista (pelo SUS, consulta só após a Copa). A mensalidade de uma simples academia de ginástica (não há remédio de pressão e diabete na farmácia do SUS). Um corte de cabelo sem direito à lavagem, ou outro aditivo de embelezamento, e, pronto, cheguei ao valor de um salário mínimo.

Aqui no nosso país é assim. Para os pobres: qualquer escola sem qualidade mínima de ensino, saúde desumanizada, moradia indigna, transporte coletivo neurotisante, saneamento básico ausente, alimentação inadequada, serve.

Essa gente precisaria conversar com Oscar Niemayer, o gênio da nossa arquitetura.

Certa ocasião ouvi um seu relato, que me comoveu. Indagado o que fazia com tanto dinheiro que ganhava, ele explicou:

“Construí Brasília recebendo salário de funcionário público. O dinheiro que recebi do governo da Argélia, após concluir as obras da Cidade Universitária de Argel, entreguei todo a um amigo que tinha acabado de deixar a Rússia e passava necessidade com a família em Paris”.

Continua nos dizendo que: “quando recebo um bom dinheiro, convido meus amigos, que não tiveram a oportunidade que tive, mas apreciam um bom vinho com uma bela comida, para uma viagem com direito a hotel cinco estrelas na Itália. Levo todos, e sinto-me mais feliz vendo-os felizes”.

Pobre sabe o que é bom, sim senhor.

O governo tem essa visão infame de achar que qualquer coisa serve para os que mais necessitam.

A professora de Natal, no Rio Grande do Norte, em recente encontro com a secretária de educação e deputados, exibiu o seu holerite, que comparado com o salário de um deputado, daria para contratar trinta professoras.

Gente que acha que o salário mínimo atende às necessidades básicas de uma família, não declara quanto ganha, como a professora de Natal.

Recente pesquisa informa que, 92% dos entrevistados gostariam de ter uma empresa de consultoria, igual ao do médico de São Paulo.

Não sei quanto fatura um consultor financeiro, cuja residência é chamada de Casa Civil.

Como no velho “Balança, mas não cai”, programa humorístico da Rádio Nacional da Praça Mauá do Rio de Janeiro, no quadro - “Primo Rico e Primo Pobre” -, imortalizado por Paulo Gracindo e Brandão Filho, o bom para o rico, é a vida que o pobre leva.

O rico sabe sim o valor dos bens materiais, por isso nega aos pobres.

Gabriel Novis Neves

24-05-2011

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