quinta-feira, 23 de junho de 2011

Roupa suja

A minha mãe teve nove filhos, todos no sistema escadinha. A diferença de idade, em média, era de um ano e sete meses.

Teve muita dificuldade em educá-los, mas acredito que alcançou os seus objetivos. Um dos princípios dessa educação era nunca, jamais, em tempo algum, permitir brigas em casa. Aquela de socos, tapas e pontapés.

Quando a desavença infantil caminhava para esse desfecho, ela intervinha e alertava:

“Querem brincar de brigar? Então vão lá para o quintal. Aqui dentro de casa não.”

Como me foi útil na vida essa frase!

Quando leio que há briga na sala de visita de uma casa, entendo como sinal de fraqueza dos pais, ou falta de união e educação dos filhos.

Estou me deliciando com a lavagem de roupa suja de dois importantes personagens em plena praça pública.

Um, representa um poderoso empresário e político de Mato Grosso no governo federal. Outro, é o nosso primeiro ministro, que acumula, temporariamente as funções de presidente-imperial da Agecopa.

Motivo da lavagem da roupa na rua: a Copa 2014 aqui.

O representante do empresário-político no governo federal, sentindo que a água está entrando no barco da Copa, reúne a imprensa e começa o seu trabalho de lavagem de roupa suja, que li no jornal A Gazeta:

O trabalho da Agecopa já deveria ter começado - e cita dificuldades para liberações de recursos federais, exatamente do seu departamento!

Destaca a demora das obras, questiona a proposta sobre modais, é contra o VLT ou BRT, e revela dificuldades para a liberação total de R$ 346 milhões destinados ao eixo da mobilidade urbana, com empenho, até agora, de apenas R$ 10 milhões.

Questiona o valor e o prazo para conclusão dos trabalhos de desapropriação dos imóveis. Ainda pergunta - quem vai pagar a conta, o Estado ou Município? - ambos sem caixa.

Lembrou da falta de empenho da nossa bancada federal em trazer recursos de Brasília para a Copa, jogando no fogo do desinteresse o seu próprio patrão-senador.

Por fim, já enxaguando as roupas lavadas, responsabilizou o nosso governador e o presidente da Agecopa pelo andar de cágado das obras da Copa.

O engraçado nessa comédia é que o dinheiro que não chega para as obras está no cofre do DNIT, e a chave está no bolso do seu diretor geral!

Ou, como ele gosta de dizer, guardado debaixo do colchão.

Nosso primeiro ministro, e presidente imperial da Agecopa, não come comida amanhecida, muito menos leva desaforo para casa.

Devolveu toda a responsabilidade das dificuldades enfrentadas ao acusador. Lembrou que todo esse rolo teve como causador o responsável pela autarquia federal.

Cabe a ele resolver o problema que criou e não cobrando a quem não deve.

Sabem por que os recursos federais não estão chegando à Cuiabá para a Copa 2014?

Segundo o presidente da Agecopa, o ilustre diretor do DNIT, fez o governo de Mato Grosso assinar um convênio com o departamento que comanda, sem autorização do Ministério do Planejamento.

Ainda, ele se comprometeu com algo que não é da sua alçada, conclui o explosivo presidente da Agecopa, que falava em nome do governo de Mato Grosso.

A população do Estado, com essa matéria do jornal A Gazeta, espera uma resposta tranquilizadora, que poderia ser da nossa atenta Assembléia Legislativa, ou do Conselho Regional de Engenharia de MT, onde o diretor é membro honorário e o assunto se refere a obras públicas.

Florianópolis, Goiânia e Campo Grande são cidades prontas para pegar o rebote de alguma desistência.

Por isso que a minha mãe sempre dizia que roupa suja lava-se em casa. Brigar de ficar de mal, pode ser no fundo do quintal.

Quem ganhou com essa troca de gentilezas para aferição de poder? Não vejo vencedor, mas um grande perdedor: Cuiabá.


Gabriel Novis Neves

14-06-2011

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