sexta-feira, 18 de setembro de 2015

HUMOR


Uma das características da nossa gente é o bom humor, especialmente quando inteligentemente utilizado para crítica social.
Peças teatrais, programas de rádio e televisão, páginas de jornal, livros e revistas, além das conversas de botequim, usam e abusam desse privilégio saudável de apontar fraquezas humanas sem ofender ninguém.
Não é politicamente correto qualquer comentário social quando utilizado desse ingrediente do nosso DNA para denegrir o nosso semelhante.
Logo processos são instalados. Centenas de funcionários da justiça dão pareceres. E, no final, após meses de demandas, o arquivo é sempre o destino - por falta de convencimento da agressão alegada.
Brincadeiras envolvendo o gênero das pessoas, mesmo as mais ingênuas, são motivos de queixas ao judiciário.
No momento, muito se comenta o fato de uma cantora famosa estar sendo processada por ter postado em seu blog, em tom de ironia, que os homens atuais estão “muito devagar”.
Bastou o emprego dessa ingênua expressão, que significa sem pressa, suavemente, para que um grupo de senhores entrasse na justiça solicitando reparos por danos morais.
Como representante do gênero masculino não me senti ofendido, agredido, humilhado, muito pelo contrário, gostei do humor salutar da protagonista.
Que as mulheres de hoje vão mais à luta que os homens, ninguém duvida, porém, aceitar esse fato como ofensa grave para alguns, convenhamos, é demais!
A revolução feminina, após a descoberta da pílula anticoncepcional, veio muito mais intensa do que a esperada, transformando alguns homens em seres inseguros.
Com essa preocupação com o "politicamente correto”, a crítica social aos poucos está desaparecendo do nosso cotidiano, transformando os nossos jornais em apenas prontuários policiais.
Saudades do tempo quando o forte das mídias era o humor, muitas vezes, até, com desfecho trágico!
Conseguimos nos transformar em um país sem alegria, sem dinheiro, sem emprego, sem educação, sem saúde, sem solidariedade, sem segurança, sem futuro, sem esperança e sem humor.

Gabriel Novis Neves
18-08-2015

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