sexta-feira, 3 de maio de 2024

SONECA COM SONHO


Fui educado desde muito criança, a dormir logo após o almoço.


Incorporei esse hábito e levei para à minha vida conjugal, com total apoio da minha mulher.


Tem um embasamento científico.


Após a primeira metade do dia, em que perdemos energia, é aconselhável após o almoço um relaxamento do corpo para enfrentarmos a outra parte do dia.


É bom seguir o exemplo dos operários da construção civil, por exemplo, que iniciam seus serviços às sete da manhã e ás onze a sirene da empresa toca avisando que chegou a hora de parar o serviço.


Os trabalhadores procuram uma sombra, quando existe por perto, abrem a marmita que trouxeram de casa e após almoçarem esticam o corpo cansado no chão forrado por jornais velhos ou em tábuas da construção.


Cobrem o rosto com jornais ou chapéus e dormem profundamente sem sonhar.


Ás treze horas retomam ao trabalho com o mesmo ‘entusiasmo’.


Na Cuiabá de antigamente até o comércio fechava as suas portas e as ruas ficavam desertas.


Andando nas calçadas das ruas da minha cidade eu ouvia perfeitamente o ranger das cordas das redes, nas argolas de aço que sustentavam as redes nas casas cuiabanas.


Uma tosse ou outro ruído fisiológico interrompiam o silêncio.


Meus pais vestiam pijamas e camisolas para descansarem.


Depois, meu pai tomava banho de tanque com a molecada e voltava para o bar.


Café tomado, vestido de terno e gravata, sendo que às terças, quintas e sábados, ia direto ao barbeiro na rua do Meio.


Quando retornei médico para exercer a minha profissão, após a sesta, tomava uma chuveirada de água fria, e retornava ao trabalho, renovado para a segunda etapa sem horário para terminar.


Era comum entrar noite a dentro atendendo pacientes ou realizando cirurgias.


Nunca ouvi meu pai comentar ou sonhar na sesta.


De uns tempos para cá tenho sonhado no curto tempo da sesta, obrigando a levantar-me da cama.


Estou desconfiado que a máscara do CEPAP seja a causadora dos sonhos da sesta.


Venho logo para o escritório, e o banho só após o fim da crônica.


A idade avançada é maravilhosa, e todo o dia ela apronta uma nova para eu decifrar.


Gabriel Novis Neves

29-04-2024




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