quinta-feira, 23 de maio de 2024

FRUSTRAÇÃO


Gostaria de conhecer pelo menos uma pessoa que não tivesse uma frustração.


Tenho várias.


A mais importante: a de ter feito o que me foi possível realizar quando ocupei cargos públicos de relevância, e que foi pouco em retribuição ao que ganhei.


A minha frustração emocional foi o de nunca ter aprendido a tocar um instrumento musical, seja de cordas, sopro ou precursão.


Como tinha inveja dos meus colegas de medicina que eram músicos.


O mais famoso era o Marcos Szpilman, cirurgião plástico, saxofonista, e tinha um conjunto que tocava na noite carioca.


Quando universitário tocava na orquestra do seu pai, maestro Szpilman, nos bailes de formaturas e grandes festas, nos salões mais badalados do Rio de Janeiro.


O meu professor de medicina, Nelson Senise, tem um filho famoso saxofonista chamado Mauro Senise, neto do pensador e líder católico Alceu de Amoroso Lima.


Trabalha com música até hoje e tem um programa musical em canal pago da Globo.


Acompanha com o seu trio musical, tocando sax, os maiores cantores da nossa música popular brasileira.


Meus colegas de pensão de São Paulo e Goiás, arranhavam o violão no final de semana.


Que inveja sentia deles!


Retornando à minha cidade para o exercício da minha profissão, fui recebido por um conjunto de serenata.


Quando podia ia com a minha mulher ouvir música no Clube Sayonara e Balneário Santa Rosa, ambos no Coxipó da Ponte.


Como reitor da UFMT, implantei prioritariamente o setor musical, sendo a ‘casa’ do Projeto Pixinguinha, Turíbio dos Santos, quarteto de cordas, coral, banda e orquestra sinfônica.


Para minha alegria convivi com estudantes e servidores que tocavam violão.


Os anos se passaram, minha casa ficou vazia e meu colega Dorileo, de presente de aniversário me doou um violão.


Indicou seu professor que me atendia em casa três vezes por semana.


Ia bem nos estudos com as aulas presenciais.


O problema era memorizá-las.


Acabei desistindo dos estudos, e guardei o violão novinho na sua capa preta, dentro do meu guarda-roupa.


O motorista da minha filha, de vez em quando pega emprestado, para tocar para os meus bisnetos.


Três deles estudam música, o que compensa em parte a minha frustração.


Gabriel Novis Neves

19-05-2024




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