sábado, 25 de maio de 2024

QUANDO O ‘SE’ É IMPORTANTE


Estou numa fase da vida que o ‘se’ é muito importante.


Tenho artroses nos dois joelhos dificultando, e muito, a minha locomoção.


‘Se’ não tivesse a idade que tenho, poderia colocar próteses neles.


Sinto dificuldades para ler e escrever. ‘Se’ fosse mais jovem poderia sofrer uma simples cirurgia ocular.


‘Se’ não tivesse disautonomia, poderia conhecer a minha bisneta caçula, ajudado pelo motorista e cuidadora.


Não posso ficar sentado que a minha pressão arterial diminui, e ‘se’ não deitar passo mal.


‘Se’ a minha posição ideal é ficar deitado, metade do dia passo assim e sentado em frente ao computador.


‘Se’ não sentisse tantas e fortes contraturas nos pés, poderia assistir aos jogos de futebol com refrigeração no quarto.


‘Se’ estiver deitado em minha cama, posso receber e fazer visitas, ir à restaurantes, shoppings e circos.


Isso, ‘se’ me permitirem.


‘Se’ surtar vão me amarrar na cama e fico curado.


Como o ‘se’ participa intensamente da minha vida neste finalzinho.


É ‘se’ pra lá com ‘se’ para cá, parecendo até ‘dança do tempo da minha avó’.


‘Se’ quer, eu vou, ouvia muito no rádio na década de cinquenta, quando adquirimos um aparelho em casa.


‘Se’ eu continuasse ingênuo, não me incomodaria tanto com o ‘se’.


Naquela época eu gostaria de ir para Maracangalha, só ‘se’ Anália fosse.


‘Se’ a lua falasse, muito contaria de mim e de você, contaria que nos viu beijando.


‘Se’ acaso você chegasse no meu chateau e encontrasse, aquela mulher que você gostou...


O ‘se’ é fundamental na nossa vida e sem o ‘se’ nada aconteceria.


Sem o ‘se’ não existiria o ‘eu’ nem o ‘você’.


O ‘se’ deu assunto até para escrever esta crônica.


Gabriel Novis Neves

17-05-2024




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